Camilo Lourenço
Jorge Sampaio diz que o PR
deve tirar ilações dos resultados da execução orçamental do 1.º trimestre de
2013. O ex-Presidente não defendeu abertamente a demissão do governo, mas as
suas palavras foram falsamente cautelosas: toda a entrevista (à RTP), foi um
exercício claro de pressão sobre Cavaco Silva para este demitir o governo.
Sampaio juntou-se ao grupo dos
incendiários de serviço, onde já têm lugar cativo Mário Soares e também
ex-ministros das Finanças (como Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix). Como
explicar a sua atitude? Não quis ficar atrás de Mário Soares nas críticas?
Sonha voltar a Belém?
Seja lá o que for, Sampaio tem
experiência (ou não?) para perceber que a demissão do governo antes de Portugal
garantir a sustentabilidade da dívida e antes de regressar aos mercados seria
suicida: teríamos de negociar novo programa de ajustamento, com custos muito
superiores ao actual, até porque um governo em gestão corrente perderia o
controlo sobre a despesa pública…
Feitas as contas já temos
contra o programa de ajustamento dois ex-presidentes (Soares e Sampaio), um que
não sabe de que lado está (Ramalho Eanes) e um com dúvidas crescentes (Cavaco
Silva). Em condições normais as dúvidas de gente tão ilustre justificariam que
abandonássemos imediatamente a austeridade. Mas como por muitas voltas que dê
ainda não consegui perceber quem nos vai emprestar dinheiro se mandarmos bugiar
a Troika, deixo uma sugestão: na próxima visita a Portugal, a Troika devia
chamar os ex-presidentes e o actual e fazer-lhes uma única pergunta: "Os
senhores têm a quem recorrer se vos cortarmos o crédito?". Assim. Tenho a
certeza que eles perceberiam!
Título e Texto: Camilo
Lourenço, Jornal de Negócios, 26-10-2012
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