Francisco Vianna
Na novela de suspense
internacional em torno da nuclearização iraniana, em princípio, os EUA e o Irã
parecem ter chegado a um acordo, pela primeira vez, para se dedicarem a
negociações – ponto a ponto – sobre a supervisão da Agência Internacional de
Energia Atômica da ONU do programa nuclear persa, conforme declararam
autoridades da Casa Branca, estabelecendo um cenário para o que poderá ser a
última tentativa diplomática antes de um ataque militar às instalações
nucleares iranianas.
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Há, no entanto, uma enorme
desconfiança por parte do público americano de que tal “acordo” seja uma
“jogada eleitoral” de Obama e Democratas, uma vez que afirmam que as
autoridades iranianas querem que tais negociações esperem o resultado das urnas
nos EUA para “que saibam com quem iriam negociar”, segundo um funcionário
veterano da Casa Civil de Obama. Tal acordo seria o resultado de trocas de
mensagens intensivas e secretas entre as autoridades estadunidenses e iranianas
que estariam ocorrendo desde o início do mandato de Barak Obama e, “por
coincidência” acontece exatamente a duas semanas do dia das eleições
presidenciais americanas e na semana anterior ao debate final entre os dois
candidatos com pauta decidida sobre segurança nacional e política externa. Será
que Obama contratou marqueteiros políticos do PT brasileiro?!
O circo começa a ser montado
para oferecer ao eleitor americano a imagem de um Obama que está prestes a
conseguir um feito diplomático que coroaria os esforços de uma década das
potências mundiais em obter o controle internacional das ambições nucleares
persas. O tiro, no entanto, poderá sair pela culatra, se o Ocidente considerar
tudo isso como mais uma manobra, entre as muitas outras, dos persas apenas
ganharem mais tempo.
Por outro lado, não está nada
claro que Mitt Romney, o oponente Republicano de Obama, caso vença as eleições,
irá dar continuidade a tais “negociações”, uma vez que tem repetidamente
criticado o presidente por mostrar fraqueza perante o iraniano e por fracassar
em mostrar um apoio firme a Israel contra a alegada ameaça nuclear do Irã ao
estado judeu.
Todavia, oficialmente, a Casa
Branca nega que tal acordo de reiniciar negociações ponto a ponto tenha sido
alcançado, dizendo textualmente que “não é verdade que os EUA e o Irã tenham
acordado recomeçar tais negociações ou outro qualquer encontro após as eleições
americanas”, disse ontem Tommy Vietor, um porta-voz do governo de Obama. Mas
“esclareceu” que Washington está aberta a elas, e “disse que o governo está
preparado para tais negociações bilaterais”.
Os relatos sobre o acordo
começaram a circular entre pequenos grupos de diplomatas envolvidos com o Irã,
mas parece claro que a iniciativa pode não se concretizar mesmo que Obama seja
reeleito. O Irã tem uma reputação internacional de usar a diplomacia para
prometer coisas que mais adiante não cumpre, apenas com a finalidade de ganhar
tempo. Não se sabe, segundo os funcionários americanos, se o líder supremo
aiatolá Ali Khamenei, assinou ou não o esforço diplomático. É bem provável que
não.
A capacidade iraniana de
enriquecer urânio é discutida entre Democratas (de esquerda) e Republicanos (de
direita), os primeiros afirmando que o enriquecimento até o nível de produção
de eletricidade e de usos médicos seria tolerável desde que a AIEA tivesse um
acesso completo ao processo, e os últimos afirmando que todo o processo envolve
grandes riscos que de o uso militar logo sairia do controle da ONU. Em todo o caso,
Romney defende a adoção de uma “linha vermelha” cuja ultrapassagem determinaria
a ação militar conjunta para a destruição das instalações nucleares persas,
mesmo que isso viesse a desagradar russos e chineses. Mitt Romney acredita que
é inaceitável o fato do Irã dispor de ogivas nucleares.
Será, em boa parte, durante o
debate final entre os dois candidatos, na semana que vem, que o eleitor
americano poderá ter uma ideia se tudo isso é ou não uma “jogada eleitoreira de
última hora de um Obama realmente apreensivo por não conseguir sua reeleição”.
Título e Texto: Francisco Vianna (com base na mídia
internacional)
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