Vá-se
lá saber porquê, não aprecio entusiastas do Terceiro Mundo e respectivos
aliados, para cúmulo quando não hesitam em recorrer a truques “constitucionais”
a fim de obter o que a democracia não lhes deu
Alberto Gonçalves
Regresso
à paranormalidade
A nova estratégia da Frente Popular consiste em exigir concórdia e
paz universal. É verdade que, durante semanas, a esquerda não fez outra coisa a
não ser insultar os partidos da “direita”, os eleitores da “direita” e o
Presidente da República da “direita”. Agora, que enfim o PS ocupa formalmente o
Governo e os partidos comunistas informalmente mandam, os apelos à harmonia
sucedem-se. Isto lembra os assaltantes que, após o tiroteio no banco, se
dirigem à polícia: “Rapaziada, o roubo está consumado e não vale a pena
andarmos com desaguisados evitáveis: nós ficamos com o dinheiro e vocês vão à
vossa vida. Marca-se um jantar para o Natal?”
Em termos só ligeiramente
diferentes, o ministro de Qualquer Pasta, Augusto Santos Silva, recomenda a cura
das “feridas” (cito) não com “vinagre, mas remédio.” É o chamado remédio
Santos.
Cada um, partido ou cidadão,
escolherá a atitude a tomar. Por mim, peço desculpa se não tenciono abandonar o
ambiente de “crispação” (o tabu do momento). Ou, pensando melhor, não peço
desculpa nenhuma: acontece que não gosto dessa gente e de quem a apoia. Concedo
que os meus motivos são impressionistas. Vá-se lá saber porquê, não aprecio
entusiastas do Terceiro Mundo e respectivos aliados, para cúmulo quando não
hesitam em recorrer a truques “constitucionais” a fim de obter o que a
democracia não lhes deu. São cismas minhas, claro, que carecem de
racionalidade. Ou careciam.
Um recentíssimo estudo de uma
universidade canadiana veio legitimar o que até aqui não passava de um
preconceito. Juram os académicos em questão que as pessoas menos inteligentes
(por educação, não referem “as mais estúpidas”) se distinguem em três ramos de
atividade:
1) levar a sério o tipo de
frases “inspiradoras”, “profundas” e sem sentido que atafulham as redes
sociais;
2) acreditar em teorias da
conspiração;
3) engolir, em ambas as
acepções da palavra, a patranha das “medicinas alternativas” e o “paranormal”.
Será coincidência, mas
parece-me que, embora realizado a seis mil quilômetros, o estudo descreve quase
literalmente a parte amalucada da esquerda portuguesa (a parte restante é hoje
algo residual). Vejamos. Em matéria de frases vazias, estas praticamente
esgotam a retórica das agremiações que formam a alegada “maioria parlamentar” e
seus simpatizantes. Do “pelo sonho é que vamos” às obras completas de Manuel
Alegre, o que ali abunda é palavreado absurdo com aroma de reflexão pertinente.
O essencial é nunca permitir que a realidade contamine o verbo.
Quanto às teorias da
conspiração, é escusado argumentar, já que as ditas praticamente existem para “corroborar”
as teorias da esquerda: tudo, de um atentado terrorista ao bêbado que espanca a
mulher, é “justificável” mediante a remissão às verdadeiras “causas”, leia-se
ao capitalismo e tal.
Faltam as “medicinas
alternativas”? Não podiam, que o BE (Bloco de Esquerda) vai propor a
consagração legal da homeopatia e da “medicina tradicional chinesa”, ciências
caracterizadas pela total ausência de fundamentação científica. Não tarda, o
Governo lançará cartas e dissecará entranhas de sapos para enfrentar a dívida
pública e o pavor dos “mercados”.
Perante criaturas assim,
manter a “crispação” e a distância não é má vontade: é higiene. Como é típico
nos homeopatas, o remédio para as feridas receitado pelo dr. Santos Silva
resume-se a água e não funciona. Regressar à “normalidade”? A situação do País
é paranormal. Se não se importam, prefiro ficar do lado de cá. E se se
importarem, também.
Alberto Gonçalves
O bom, o
mau, o vilão
O bom
Um estadista de calibre
A caminho de Los Angeles,
passei duas vezes em San Bernardino, Da última, há meses, estacionei para um
cigarro. Isto habilita-me a comentar os recentes atentados? Em princípio não,
mas depois de ouvir o presidente dos EUA já hesito. Após mais uma matança em
nome de Alá, Obama apelou à proibição das armas, decerto na convicção de que
estas disparam sozinhas e só se adquirem em lojas. Se a palermice é livre, eis
o meu contributo: proíba-se San Bernardino, que além do terrorismo é propenso
ao tabagismo.
O mau
O povo saiu à rua (mas não devia)
Consta que o Mercedes
justamente atribuído pelo Estado a Mário Soares embateu no carro de uma
popular. Consta que o ex-presidente nem olhou para esta e mandou o motorista
despachar-se. Consta que o motorista se limitou a entregar à popular um papel
com o número de um telefone desligado.
Consta que a popular é
funcionária da CML (Câmara Municipal de Lisboa) e que, por respeitinho, já
retocou a história.
Não chega: até quando o povo
teimará em se atravessar no caminho dos humanistas que só querem o seu bem?
O vilão
Um símbolo pelos ares
Tinha de acabar nisto. Depois
de encomendar 53 aviões novinhos e investir 71 milhões em melhorias na frota
atual, a TAP anuncia bilhetes a baixo custo para quase todas as rotas
europeias.
Num ápice, uma companhia
outrora ilustre desata a afocinhar sem remédio. Qualquer dia, passa a dar
lucro. É urgente, se possível, reverter tamanha vergonha e devolver a TAP ao
Estado.
Exceto aos proprietários, aos passageiros e aos contribuintes,
a privatização não interessa a ninguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-