Vitor Cunha

Uns falam do Sá Carneiro,
outros da doutrina social da Igreja, outros da esperança que Assunção Cristas
representa para a tal de Direita (em particular a Direita avessa a ar
condicionado) e, assim, nessa variedade poética da filosofia de autocarro, fico
indeciso sobre qual me parece o menos maluquinho. Não é que Passos Coelho fosse
a grande esperança da Direita: a grande virtude do homem era, no meio deste
lamaçal, parecer um tipo normal, sem pretensão a napoleónicos anúncios de
candidaturas e pífias “vitórias” eleitorais de 20% em autárquicas para a
capital transformadas em “agora é que é”.
Consigo até compreender que haja
gente a vaticinar que o PSD só volta ao poder sendo igual ao PS, mas, como a
vasta maioria dos portugueses, sou pessoa para preferir originais às fotocópias
(na acepção tradicional da palavra, não na acepção introduzida por José
Sócrates, “o líder que a Direita gostaria de ter”, a julgar pela catrafilada de
artigos pachecopereiristas e similares, mesmo que em sentido diametralmente
oposto, que enchem os jornais).
Ao contrário de muitos dos
meus amigos, estou bastante otimista: o meu estado natural é o de não votar em
partidos, pelo que, reconheço, o ter feito uma cruz nas duas últimas
legislativas é que constituiu desvio à norma. Só posso agradecer a todos os
políticos e colunistas (com parcas excepções) o valente esforço para me
devolver à normalidade da abstenção ou voto em branco (resisto estoicamente à
tentação do nulo).
Pôncio Pilatos foi um grande
democrata: nem precisou escrever artigos sobre o futuro da Direita para dar ao
povo o Barrabás escolhido.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
8-10-2017
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