Cristina Miranda
O sonho molhado de Costa, da
velharada do PSD, da Catarina e Jerónimo aconteceu. Finalmente! Com o anúncio
de Passos que deixava a liderança do partido, desaparecia a maior
ameaça à festa socialista do “gastanço” com o dinheiro dos outros sem
responsabilidade. Mas que grande taluda! Há tipos de facto que nascem
com o rabo virado para a lua: o Costa nem precisou de vencer
legislativas (lembram-se? foi derrotado com quase maioria absoluta pelo Passos em
2015) para se sentar na cadeira de Primeiro-ministro. Os outros dois nem
precisaram de mais de 8% e 10% para mandar e legislar nesta terra de incautos. E
agora, o maior PREDADOR de parasitas oportunistas demite-se! Querem mais sorte
que isto?
Assisti atónita à decisão de
Passos. Jamais esperaria que com resultados destas autárquicas ele se
demitiria. No máximo esperaria pelas legislativas, pensava eu. Mas não. Apesar
destas eleições terem derrotado TODOS os partidos, uns mais outros menos (sim,
foram TODOS penalizados!), Passos assumia sozinho a responsabilidade de uma
derrota (mesmo que poucochinho) que não passou de erro de casting nos
candidatos de Lisboa e Porto. Não foi escrutínio aos líderes, mas
mesmo assim, decidiu avançar.
Na verdade, as autárquicas
revelaram algo inédito: o PCP ao perder quase todas as câmaras e BE não ter
ganho uma sequer, o PS ao perder a maioria em Lisboa com resultados PIORES que
no tempo de José Seguro, demonstrou claramente que o povo não apreciou
de todo esta combinação de comunistas com PS. Nem o eleitorado
comunista nem o eleitorado socialista. E isto, mesmo que o tentem disfarçar com
fake news com ajuda da comunicação social comprada a falar numa grande vitória
(ah! ah! ah!), o certo é que doeu para caraças descobrirem que todas
aquelas políticas populistas para ganhar votos, e os sapos gordos engolidos
durante quase dois anos, não lhes devolveu senão um resultado pindérico. PSD
com 1 milhão e 800 mil votos e PS com 1 milhão e 980 mil, praticamente
mantiveram os resultados de 2013. Logo, só o desaparecimento de Passos lhes
devolveria alguma esperança para as legislativas, essas sim, implacáveis na
avaliação dos líderes.
Ora, estando o “Parque
jurássico do PSD” todo empenhado na derrota do seu próprio líder desde o
primeiro dia da sua eleição, não foi difícil ao Costa, que já andava a namorar a velharada (recorde aqui) para fazer o próximo Bloco Central nas
legislativas (sim! ele quer livrar-se do BE e PCP porque sabe que o prejudica
em votos), conseguir apoio para sacudir o adversário temido (porque é o único
que não lhe dá hipóteses às clientelas), com promessas no escurinho de tachos e
tachinhos, coisa que ele tão bem sabe negociar. Porque Costa é um
camaleão. É da cor que for preciso desde que garanta o poder, seu único interesse
neste jogo político.
Entendo a posição de Passos e
aceito-a apenas por saber que por detrás desta saída está uma razão muito mais
forte e válida para querer fazer um interregno nesta palhaçada que os
“esqueletos mumificados do seu partido” há anos protagonizam. Entendo (e de que
maneira) que às vezes é preferível lançar aos leões aqueles que se julgam os
DDT partidários em vez de resistir. Tácticas políticas que eu, por não as saber
jogar, também não julgo. Porque se fosse comigo, jamais Costa teria sequer
hipótese de me derrubar até às legislativas. Jamais lhe poria esse sorrisinho
parvo nos lábios nem que fosse por um segundo. Aliás, saberia reinventar-me nos
discursos e na atitude em vez de desistir e dar lugar a alguém capaz de
negociar seja o que for com Costa. Porque nunca se viu um morto
político tão vivo diariamente no discurso da esquerda à direita. Nunca se viu
tanto desespero por ele não vergar. Nunca se sentiu tanto medo a um líder. Só
isto era o suficiente para nunca, mas nunca deixar o lugar até ao próximo
escrutínio popular.
Perdemos um estadista. O único
que enfrentou e derrubou o DDT Ricardo Salgado. O único que corajosamente
agarrou o país completamente falido pelo Sócrates e o fez renascer das cinzas.
Um estadista que não tendo AINDA governado de acordo com suas políticas mas
apenas cumprido o Memorando de Entendimento que PS assinou comprometendo-se com
elevados cortes, aumentos de impostos, reestruturação do sector público onde se
incluía a venda de grandes empresas públicas (sim! estava no memorando, não foi ideia de Passos, veja aqui),
fazia adivinhar uma reestruturação profunda do país. O maior temor das
esquerdas (e dos socialistas disfarçados de PSD).
Por isso, embora desiludida
por não ter colocado a vontade das pessoas (em que algumas sem nunca
votarem no PSD, o fizeram só por ele, por acreditarem na sua capacidade de
liderança), à frente dos interesses do partido, digo “Obrigada, Pedro” por tudo
o que fizeste por esta Nação.
Mesmo que não voltes, este
país, de gente como eu, ser-te-á eternamente grato!
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
6-10-2017
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-