Números são eloquentes e não deixam dúvida
sobre o mau começo do governo Doria na zeladoria
O Estado de S. Paulo
As primeiras avaliações sobre
o desempenho do governo João Doria na área dos serviços de zeladoria – tais
como manutenção de ruas e calçadas e limpeza pública – são desanimadoras, como
mostra reportagem do Estado. Como a zeladoria foi apresentada pelo prefeito na
campanha eleitoral como um dos destaques de seu programa, este é um mau sinal
para o início de um governo que elegeu como suas marcas justamente a eficiência
da gestão e a modernização da administração da capital.
Dos dados solicitados sobre as
13 ações desenvolvidas nos serviços de zeladoria, com base na Lei de Acesso à Informação,
a Prefeitura forneceu os referentes a nove. Em oito destes, houve queda no
desempenho entre janeiro e agosto, em comparação com igual período de 2016. Ou
seja, a piora foi praticamente geral na área eleita como uma das meninas dos
olhos do prefeito. Só a poda de árvores teve uma melhora de 1,06% (passando de
65.492 árvores podadas naquele período de 2016 para 66.190 neste ano), um
índice tão pequeno que se pode dizer que o serviço continua praticamente tão
ruim como antes.
Os números são eloquentes e
não deixam dúvida sobre o mau começo do governo Doria nessa área. Na extensão
de guias e sarjetas (em metros lineares), houve redução de 55,78%; na extensão
de galerias inspecionadas e reformadas (também em metros lineares), de 38,59%;
na área de calçadas (em metros quadrados), de 36,01%; na limpeza de bocas de
lobo e bueiros (em quantidade), de 24,87%; na limpeza de pichações (em
quantidade), de 24,5%; na troca de lixeiras (em quantidade), de 6,7%; na
varrição (toneladas de resíduos), de 6,01%; e na limpeza de monumentos (em
quantidade), de 4,77%.
Os mutirões do programa Cidade
Linda e o Mutirão Mário Covas, de reparo de calçadas, não produziram até agora,
portanto, nada do que foi prometido. Mais grave: a situação ficou pior do que
antes. Por enquanto, a Cidade Linda de linda só tem o nome. A presença do
prefeito João Doria, paramentado de gari, nos primeiros dias de seu governo,
ajudando na limpeza de ruas e avenidas, para dar exemplo e mostrar empenho em
cuidar da cidade, não produziu nenhum efeito positivo.
Nada mais foi, como se
constata passado mais de um semestre de seu mandato, do que uma hábil jogada de
marketing. Mas essas jogadas – como sabem ou deveriam saber os que as fazem e
os que as recomendam –, quando não são seguidas de ações concretas, destinadas
a tornar realidade o que prometem, só produzem frustrações. A população pode se
impressionar num primeiro momento, mas não demora para distinguir muito bem
ação efetiva de fogo de artifício.
Nem o paramento de gari nem a
insistência de Doria em combater as pichações são capazes de esconder ruas
sujas, calçadas quebradas, bueiros entupidos e paredes e muros em pior estado
do que antes.
Entre os serviços sobre os
quais a Prefeitura não forneceu os dados solicitados estão os de manutenção de iluminação
pública e praças, de reparo de sinalização de trânsito, além de retirada de
faixas e cartazes irregulares. Mas qualquer paulistano minimamente atento sabe
que a situação deles não é diferente da dos outros. Basta lembrar o estado
lastimável em que se encontram os semáforos da cidade – enguiçando com
irritante frequência –, quase 10 meses depois do início do governo Doria. Não
admira que, já em maio, o canal 156, de reclamações sobre serviços da
Prefeitura, tenha registrado o pior índice desde janeiro de 2016: só 25% das
61,7 mil novas queixas foram atendidas, e o índice vem caindo mês a mês,
segundo dados oficiais.
O prefeito deve uma explicação
aos paulistanos. Mas ela certamente não é fácil para ele, porque deveria
começar pela sua pouca presença à frente da administração da cidade. Doria
hoje, como é notório, cuida muito mais de política – logo ele, que se elegeu
apresentando-se como “gestor” – do que de administração, de olho numa possível
candidatura à Presidência em 2018. Se conseguir, o que fará com sua fama de mau
prefeito?
Título, Imagem e Texto: Editorial, O Estado de S. Paulo, 8-10-2017
Tenho essa sensação: o poder (ou a vaidade) subiu à cabeça de Dória.
ResponderExcluirEscrevi anteriormente que julgava que a estratégia dele fosse a de fazer um excelente governo da cidade de São Paulo - até dezembro de 2020.
E nas eleições a presidente em 2022 a vitória lhe sorriria de orelha a orelha...