Cesar Maia
1. Acompanhando as imagens relativas ao movimento dos carros desde
o local onde a vereadora Marielle participava de uma reunião na Lapa até as
imagens da execução já consumada, formou-se - desde o início - um consenso:
tratou-se de uma "execução".
2. Mas as "execuções" não são homogêneas a ponto de
permitir deduções relativas às responsabilidades e objetivos. No México, os
cartéis desenvolveram o uso dos "sicários", assassinos especializados
que são contratados.
3. Este processo gerou "sicários" internos dos cartéis,
assim como "sicários" terceirizados à disposição de quem os
contratar, sejam organizações ou pessoas. Os "sicários" são usados
dentro dos cartéis, facções, gangues, grupos, para eliminar concorrentes e
redefinir o controle dos mesmos.
4. Assim, também, os "sicários" são usados para eliminar
cabeças dos cartéis, grupos, facções, gangues, grupos, concorrentes. O mercado
de "sicários" inclui crimes passionais e crimes intra e interempresariais.
Os casos são muitos e estão à disposição para estudo. Livros, filmes e
documentários têm tratado de inúmeros casos e muitos e muitos anos.
5. Ocorrem até na repressão ao crime organizado quando forças
policiais estimulam e até contratam "sicários" para eliminar as
cabeças de um certo cartel ou facção. As séries na Netflix mostram casos
diversos, especialmente na Colômbia, além do México.
6. A diversidade do uso - interno ou terceirizado - de
"sicários" é de tal amplitude que a simples afirmação que um
assassinato se enquadra na categoria "execução" não é suficiente para
se deduzir autoria ou razões.
7. Um ex-delegado, comentarista do RJTV (TV Globo), afirmou que no
caso da Vereadora, houve uma "execução", pois o atirador era um
profissional pela escolha da arma e da escolha do local. Ou seja: foi uma
"execução". Mas com isso não se avançou muito.
8. Ou de outra forma: era "um sicário". Uma primeira
conclusão óbvia pela atuação da Vereadora é que foi uma "execução"
externa. Mas, com isso, não se avança suficientemente, pois tanto pode ser um
"sicário" interno de uma organização, um "sicário"
terceirizado profissional, e suas amplas variantes.
9. Esclarecer as razões e o comando da "execução" da
Vereadora é fundamental, já que se pode ir mais longe do que se imagina. Mas
como disse o Secretário de Segurança no final da semana passada: "Não
podemos confundir celeridade com precipitação".
10. Ou seja, a "execução" abre um quadro complexo de
investigação e deve levar ao conhecimento efetivo de autoria direta ou indireta
e razões, sem gerar quaisquer dúvidas.
Título e Texto: Cesar Maia, 26-3-2018
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