Moiani Matondo
Isabel dos Santos, um destes dias, choramingava nas redes sociais por causa da nova direção do Jornal de Angola, liderada por Victor Silva, afirmando que este mais parecia um jornal da oposição, pelo modo como acolhia as críticas contra a sua pessoa.
É óbvio que o modelo de
imprensa perfeito para Isabel seria o do Pravda, dirigido por Lev Mekhlis nos
anos 1930, na União Soviética. Nessa época, havia apenas uma única verdade:
aquela que Estaline ditava a Mekhlis e que este transcrevia obedientemente no
jornal, iniciando, muitas vezes por aí, as purgas e os assassinatos políticos.
Angola também teve o seu Lev
Mekhlis, incarnado na pena rebarbativa de José Ribeiro [foto], diretor do Jornal de
Angola entre 2007 e 2017.
Ribeiro foi demitido na onda
exoneratória de João Lourenço, mas, aparentemente, foi-lhe prometido, como
prémio pelos leais serviços ao partido MPLA, a prebenda de uma nomeação como
adido de imprensa na missão de Angola em Nova Iorque.
Contudo, parece que o nosso
Mekhlis tropical se encontra envolvido em demasiadas peripécias financeiras,
pelo que começará a ser difícil apanhar o avião para Nova Iorque. É mais
provável que se auto exile no país que adorava insultar e espezinhar, e onde
agora passa mais tempo: Portugal. Caso esteja em Angola, poderá passar os
próximos tempos entre a Rua Amílcar Cabral, onde se situa o Tribunal Cível, que
cobra dívidas, e a Cadeia de Kakila ou a do Calomboloca, que esperam a chegada
dos prevaricadores financeiros.
José Ribeiro tem uma grande
dívida contraída junto de variados credores: ultrapassa os 15 milhões de dólares.
Parte dessa dívida resulta da compra de uma impressora rotativa com 15 anos de
uso por quatro milhões de dólares. Os fornecedores deram-lhe dez dias para
pagar 320 mil dólares da dívida.
Todavia, a situação mais grave
prende-se com as averiguações em curso no Tribunal de Contas, que foi
confrontado com a falta de justificação para movimentos financeiros no valor de
12 milhões de dólares na empresa proprietária do Jornal de Angola, as Edições
Novembro. Para simplificar, digamos que foi encontrado um “buraco” financeiro
na gestão de José Ribeiro na ordem de muitos milhões de dólares. Outros
administradores que participaram na gestão de José Ribeiro já confessaram às
nossas fontes a sua angústia e preocupação por terem de responder pela gestão
perdulária de Ribeiro.
Diante de tantas e tão graves
desventuras, José Ribeiro resolveu ignorar todos os pedidos de explicação, e
não atende o telefone a ninguém que pretenda obter as satisfações adequadas.
E, agora, João de Melo procura
encontrar uma saída para evitar a nomeação de José Ribeiro como adido de
imprensa em Nova Iorque.
No entanto, a verdade é que
Nova Iorque não é pouso seguro para nenhum dos antigos colaboradores de José
Eduardo dos Santos, a partir do momento em que os norte-americanos acionem os meios
legais à sua disposição para responsabilizar aqueles que participaram em atividades
de corrupção ou abusos de direitos humanos. Ora, os 12 milhões de dólares
desaparecidos pesarão sobre a cabeça de José Ribeiro em qualquer parte do
mundo.
Também pode acontecer que todo
este barulho que se ouve contra a corrupção e os desvios financeiros dos
protegidos do antigo presidente da República José Eduardo dos Santos seja fogo
de vista. Isto é, muito barulho para nada… ou apenas para “convencer” JES a
abandonar a presidência do MPLA e a entregar todo o poder a João Lourenço.
Assim, todos continuarão com a sua vidinha.
Neste caso, José Ribeiro
acabará mesmo por tomar o avião para Nova Iorque… veremos!
Título, Imagem e Texto: Moiani Matondo, Maka Angola, 31-3-2018
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