quinta-feira, 11 de julho de 2024

Somos duas europas, agora


Paulo Hasse Paixão 

Foi um dos momentos mais bizarros e reveladores das eleições para o Parlamento Europeu. No final da noite desse domingo, quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou com entusiasmo que o seu Partido Popular Europeu (PPE) tinha “ganho” as eleições e que o “centro está a aguentar-se” na política europeia, começou o seu discurso de vitória declarando que, antes de mais, queria “agradecer aos eleitores”.

Foi bizarro, porque ninguém tinha votado em von der Leyen. Nem um único dos milhões de eleitores europeus que foram às urnas colocou a sua cruz ao lado do seu nome. O que não é surpreendente, uma vez que a “Presidente da Europa” nem sequer estava a concorrer às eleições. Nem a estas, nem a nenhumas, claro.

Embora a Comissão Europeia seja o órgão que dá início a toda a legislação da União Europeia, o seu presidente não tem qualquer legitimidade democrática ou responsabilidade perante os eleitores. A insuportável Ursula foi nomeada em 2019 por uma maioria qualificada no Conselho Europeu – composto pelos chefes de governo dos Estados-Membros – e depois formalmente (mas por pouco) apoiada pelos membros do Parlamento Europeu. Se ela for bem sucedida na sua campanha para ser “reeleita” Presidente desta vez, como tudo indica, os povos da Europa que ela aspira a governar não terão, mais uma vez, uma palavra directa a dizer sobre o assunto.

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