domingo, 7 de julho de 2024

Traficantes do Complexo de Israel ordenam fechamento de igrejas católicas em Brás de Pina

Todas as celebrações religiosas, incluindo casamentos e batizados, foram suspensas nas paróquias Santa Cecília e Santa Edwiges por ordem dos bandidos narco-evangélicos

Quintino Gomes Freire

As paróquias Santa Cecília e Santa Edwiges [foto], ambas em Brás de Pina, Zona Norte do Rio de Janeiro, tiveram suas missas suspensas neste fim de semana após ordem de traficantes da região conhecida como Complexo de Israel. A informação é da ”Rádio Tupi”. Na favela conhecida pelas bandeiras de Israel, o comando do tráfico é exercido por bandidos narco-evangélicos, adeptos de uma seita pentecostal.

Relatos apontam que motoqueiros armados com fuzis visitaram as igrejas católicas da região – muitas delas quase centenárias – e informaram aos respectivos sacerdotes responsáveis que, a mando de ”Peixão”, líder do tráfico local, as celebrações religiosas, incluindo casamentos e batizados, estavam proibidas de acontecer. Aparentemente, o crescimento da religião católica na região incomoda os bandidos.

Via redes sociais, inclusive, a Paróquia Santa Edwiges informou que os festejos juninos que seriam realizados tanto neste sábado (6/7) quanto no domingo (7/7) também foram cancelados.

”Comunicamos que nosso arraiá está suspenso neste fim de semana. Não teremos Santa Missa e atividades em nossa paróquia também. Igreja fechada. Em breve, retornamos com mais informações”, dizia o comunicado.

Segundo a moradora que se identificou como Heloiza à reportagem do DIÁRIO, a ausência de policiamento na região se tornou a regra, e desde que as forças policiais foram proibidas de atuar por uma controversa decisão do STF, o domínio do tráfico se expandiu de tal maneira que até mesmo no asfalto o acesso de ônibus e automóveis particulares vem sendo controlado é proibido pelos criminosos. “A região se tornou uma grande favela, onde a bandidagem agora quer determinar até mesmo nossa religiãoO Rio de Janeiro acabou”, lamenta.

Relatos de moradores dão conta de que é proibido usar camisas com figuras de santos e mártires católicos na localidade, e que as procissões foram proibidas pelo narco-evangélico “Peixão”, que também proibiu a prática de religiões de matriz africana.

DIÁRIO DO RIO tentou contato com a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (ArqRio) para comentar o assunto, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. A reportagem será atualizada caso a ArqRio queira se manifestar

Apesar de termos recebido informações de mais de 10 moradores da região confirmando o ocorrido, o Governo do Estado nos enviou a seguinte nota, que publicamos na íntegra:

Nota

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro esclarece que as paróquias Santa Edwiges e Santa Cecília, em Brás de Pina, na Zona Norte da capital, estão abertas e com a segurança reforçada pela Polícia Militar. É importante ressaltar que não houve intimidação ou qualquer tipo de comando de traficantes para fechar as igrejas e que essa informação surgiu de boatos em redes sociais.

As forças policiais do Estado vêm realizando operações na região para retirada de barricadas e para aumentar a segurança da população, rotineiramente, há pelo menos dois meses. O blindado da Polícia Militar está baseado na localidade para evitar a retomada da instabilidade na região, garantindo o funcionamento das paróquias e a segurança dos moradores.

Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 6-7-2024 

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