Rodrigo Constantino
“A corrupção é uma senhora
idosa e não poupa ninguém. Pode estar em todo lugar, inclusive no setor
privado”, disse a presidente Dilma, faltando com o respeito não só a todas as
senhoras idosas do Brasil, como a todos os brasileiros, colocados sob suspeita.
A tática de todo corrupto é misturar o joio e o trigo, repetir que todos são
iguais, que ninguém é perfeito ou melhor do que ninguém. É uma tática velha e
conhecida, mas não cola mais.
Claro que a corrupção não foi
inventada pelo PT, não começou em 2003. E claro que ninguém é incorruptível, um
santo acima de qualquer possibilidade de desvio ou “malfeito”. Mas daí a
colocar todos no mesmo saco podre vai uma longa distância. Um vizinho meu pode
já ter um dia deixado de devolver um troco a mais dado por engano pela
vendedora. E o outro pode já ter montado uma quadrilha dentro de uma estatal.
Ambos cometeram delitos, desvios éticos. Mas quem diria que são iguais?
Quando o PT insiste na tecla
de que a corrupção vem de antes – o óbvio ululante – está apelando para um
relativismo que ignora suas particularidades. Em primeiro lugar, o PT cresceu
com a bandeira ética, alegando justamente que era diferente dos demais. Ou
seja, sua traição seria maior, pois seu discurso se mostrou hipócrita, canalha,
enganador, e é no mínimo curioso e irônico que sua grande linha de defesa hoje
seja argumentar que é igual aos outros partidos.
Em segundo lugar, não é
verdade que o PT seja “apenas” como os outros, tão corrupto quanto os demais. O
PT é mais corrupto, vide a magnitude dos escândalos durante
sua gestão (e não venham dizer que isso é porque hoje se investiga mais, pois é
preciso respeitar minimamente a inteligência das pessoas). E pior: reage de
forma diferente quanto à corrupção de seus membros, enaltecendo os marginais,
recusando-se a expulsá-los do partido, muitas vezes os tratando como heróis
injustiçados. O PT banalizou a corrupção, além de tê-la institucionalizado,
como disse o próprio gerente da Petrobras, Pedro Barusco.
A ousadia dos petistas é tanta
que nem o mensalão os tornou mais cautelosos. Veio depois o petrolão, bem
maior, fazendo o mensalão parecer algo da vara de pequenas causas. E mais: o
tal Duque, homem de confiança do PT na estatal, indicado por José Dirceu, um
dos “heróis” petistas, continuou recebendo propina mesmo depois da Operação
Lava-Jato ter vindo à tona. O juiz Sergio Moro considerou “assustador” tal fato. E é mesmo!
Que país é este? A frase foi
dita pelo próprio Duque quando foi preso pela primeira vez. É também o nome da
nova fase da Operação Lava-Jato, e uma música conhecida de Renato Russo. De
fato: que país é este, em que tanta roubalheira ocorre à luz do dia e quase
ninguém é punido? Que país é este, em que a presidente pertence a um partido
que protege seus corruptos? Que país é este, em que a própria presidente se
“defende” acusando todos os brasileiros de potenciais corruptos?
Corrupção há em todos os
países e regimes. Fato. Mas não na magnitude da nossa, não com a impunidade da
nossa, não com o escárnio com o qual os próprios corruptos tratam o povo
esfolado por ela como no nosso caso. A simbiose entre governo e setor privado
levada ao patamar absurdo que foi levada durante o governo do PT, a mentalidade
dos petistas de que seus “nobres” fins justificam quaisquer meios, a obsessão
por permanecer no poder custe o que custar, mesmo que seja preciso “fazer o
diabo”, esses fatores foram responsáveis pela escalada impressionante que vimos
na corrupção.
Sim, ela talvez seja uma
“senhora idosa”. E arrogante. E petista.
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