quarta-feira, 2 de setembro de 2015

7 de setembro, parabéns por quê?

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
O ano é 1998, governo de FHC, o Brasil adere ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares optando, por força de pressão dominante, no caso da efetivação de “intervenção da Amazônia pelo bem da humanidade”, a ter que admiti-la primeiro por absoluta incapacidade dissuasória para, só depois de concretizada, pensar em reagir. O segmento militar da sociedade brasileira, mais informado quanto às ameaças que estão sempre a rondar o País, via morrer a aspiração de, mais dia, menos dia, dar-se um basta às ameaças e bravatas de notórios líderes dos “todo-poderosos”, que entendem a nossa região norte como sendo uma reserva ecológica internacional.

Festejar para que, se engolimos desde então a postura humilhante de irresponsáveis para o desenvolvimento de armas de grande poder letal, como se fôssemos um bando de talibãs incompetentes e ignorantes? Irracionalidade, amadorismo, falta de compromisso com o porvir da nacionalidade, com a altivez da descendência, tudo enfim parece ter entorpecido o miolo de quantos tinham o dever de não apor assinaturas em dispositivos que subtrairiam o direito legítimo que temos de dissuadir para, sim, evitar a luta.

Por que comemorar se, de FHC para cá, toda a expectativa de defesa da nação, é de pasmar, foi sendo virtualmente despedaçada pelo posicionamento passivo, agravado por Lula e coadjuvado pela omissão de uma elite que, outrora mais responsável e patriota, perdeu toda e qualquer noção de brio para se fazer valer nas questões que comprometem a soberania do País? Contentamo-nos e, quem sabe, até nos julguemos comportados o bastante para não sermos incluídos no “eixo do mal” pelo “irmão Caim do norte”. É lamentável, assumimos a condição de submissos, dominados e sem rumo.

Como se pode hoje fazer ressuscitar o Exército, se por falta absoluta de opção dissuasória, mais imediata e verdadeiramente contundente, a Força Terrestre está manietada, forçada a se adestrar em combate de resistência nos moldes do empregado na selva pelos vietkongs? Atenção, que ninguém duvide, essa forma de luta é a de maior sacrifício para nós, haja vista o desgaste, a longa duração e a sangueira sem limites que encerra em seu bojo. É de se questionar o tipo de combate a que nos restringimos, pela imposição velada da estratégia de lassidão e até que ponto se acredita nela. A propósito, os soldados universais, aqueles das notórias coalizões, seriam ainda adestrados pelos competentes instrutores do “Centro de Instrução de Guerra na Selva”, justo na única estratégia que nos foi permitida e exatamente na região que deve ser negada ao inimigo? Se isto ocorre, Sun Tzu, o mestre da guerra, está sendo violentado em seu jazigo. Perigo! Hoje a OTAN já visualiza incorporar a Rússia, uma inclusão que tem tudo a ver com a garantia dos recursos energéticos dos oceanos para os “não chineses”: vai sobrar para o nosso pré-sal! O que vão festejar nossos aviadores e marinheiros mal armados se, agora, não têm nenhuma capacidade para fazer frente às ameaças das forças aeronavais de última geração da “santa aliança” encastelada no CS/ONU?   

Não há como não admitir, atingimos um limite em que todos, civis e militares, temos que clamar ao estado brasileiro pelo fortalecimento urgente e emergencial das Forças Armadas. Aos nossos oficiais e graduados repugna a simples possibilidade de justificar uma derrota pelo fato de seus comandados estarem mal armados. Um fato é o compromisso que nossos soldados assumem de “manter a soberania da Pátria, se preciso for, com o sacrifício da própria vida”, o outro é o dever que tem a sociedade de pressionar os agentes do governo a garantirem, sem paliativos, os meios de combate para que este sacrifício seja o menos traumático possível! 
Título e Texto: Paulo Ricardo da Rocha Paiva, Coronel de Infantaria e Estado-Maior, 2-9-2015

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