António Costa
Passos tirou o país da
bancarrota, Costa mostrou que não sabe sequer o que quer fazer dele.
Acabou. O que está feito, está
feito, o que não foi feito, já não será feito hoje, último dia de campanha para
umas eleições legislativas em que Passos Coelho fez quase tudo bem e António
Costa fez quase tudo mal. As sondagens, todas, uma a seguir à outra, dão a
vitória à coligação, veremos o que dirão os eleitores no domingo, mas o que se
sabe hoje não pode surpreender ninguém, Passos tirou o país da bancarrota,
Costa mostrou que não sabe sequer o que quer fazer dele.
O país não mudou tanto como o
Governo nos quer fazer crer, a economia não mudou tanto como deveria ter
mudado, o Estado mudou mesmo muito pouco, mas a psicologia dos portugueses,
essa, mudou muito. Quantas vezes se escreveu que os portugueses deveriam
aprender a lição do passado? Na verdade, aprenderam, António Costa é que não
foi às aulas, olhou para Passos Coelho como olhou para António José Seguro. Com
a sobranceria de um predestinado, a quem deveríamos agradecer salvar-nos do
Governo que tínhamos. Passos chegou a padecer do mesmo mal, a saída de Vítor
Gaspar, neste sentido, foi útil também para isso. Uma coisa é um partido, outra
coisa é o país.
O Governo - Passos Coelho e
Paulo Portas - tiveram a sorte dos vencedores, sim. Mas a sorte dá muito
trabalho. Tiveram a arte de forçar uma saída limpa do programa de ajustamento,
coisa que Costa desvalorizou, e este foi o primeiro erro capital. Tiveram a
sorte de ‘apanhar' um impasse económico na Europa que obrigou o BCE a fazer o
que os líderes políticos não fizeram, tiveram a sorte - de bandeja - do caos
grego. Criou-se o caldo necessário para um discurso simples, eficaz, claro,
ainda por cima suportado numa recuperação económica tão limitada como
indesmentível. Sim, é evidente que a ‘troika' saiu de Portugal, mas o
ajustamento ainda não acabou. É evidente para todos, menos para Costa, que
vendeu uma estratégia cor-de-rosa, de promessas, até contraditória com as
críticas que fez ao estado do país. Se está assim tão mal, como é que é
possível tanta abastança? Se o consumo está a disparar e a poupança a cair, é
mesmo necessário ir mais longe, incentivar ainda mais o consumo? Se a economia
continua na mesma, queremos mesmo mais empregos na construção e restauração? A
coligação não sonha, nem nos faz sonhar, mas os portugueses, hoje, não querem
sonhar, querem apenas sair do pesadelo. E não se esqueceram de quem nos levou
até lá. Querem previsibilidade. São pragmáticos, eventualmente cínicos? Sim, e
nesta fase do país, ainda bem. Por mais que nos vendam sonhos. Porque os sonhos
não pagam dívidas.
As sondagens dão a vitória à
coligação sem maioria absoluta. Aceitemos este cenário como o mais (do que)
provável. O que pode sair daqui? Quem garante mais estabilidade e coerência
governativa, a coligação em situação de maioria relativa ou uma coligação de
Esquerda com o PS, CDU e BE em maioria absoluta? Alguém tem mesmo dúvidas na
resposta? Sim, neste quadro, o óptimo é inimigo do bom e por isso, venha o
governo minoritário. Que tem de durar pelo menos até ao próximo orçamento. Vai
ser uma gestão difícil, Passos e Portas vão ter de fazer o que nunca fizeram,
vão ter de negociar, mas isto é a Democracia.
O problema não é a
legitimidade de uma coligação de Esquerda, tem tanta como a de direita. O
problema é a sua consistência, e essa não tem nenhuma. Nem na política interna,
nem sobretudo na política externa e especialmente europeia. Contra-natura.
Além disso, há outro pormenor:
No dia 5, depois de não ter sido capaz de dar uma vitória ao PS, nem sequer por
‘poucochinho', António Costa só tem uma porta, a da saída, a demissão, sem
honra, depois de Seguro, nem glória, depois de Passos.
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