Carlos José Marques
Tamanha é a paralisia do
Estado e a decadência do Congresso que todos estão a se perguntar o que será do
Brasil daqui para frente?
Consenso: com Dilma no poder,
a crise econômica e o caos político estão contratados pelos próximos dois anos,
ao menos. Como enfrentar 2016 em meio à guerra institucional, a corrupção
endêmica no Planalto – que teve como último alvo, pilhado em flagrante, ninguém
menos que o líder do Governo, Delcídio do Amaral - e a inabilidade de gestão da
mandatária?
Na semana passada, uma
resposta começou a surgir no horizonte com a aceitação do processo de
impeachment. Salvo os habituais bajuladores de plantão da presidente, que ali
estão em troca de benesses, a notícia foi recebida com certo desafogo.
Entusiasmo até. É sabido que a esmagadora maioria da população (como as
pesquisas atestam) deseja Dilma fora. Nesse batalhão encontram-se
trabalhadores, empresários, estudantes, o mercado financeiro nacional e global,
boa parte dos partidos políticos - PT inclusive, que veladamente torce o nariz
às suas deliberações – e até assessores mais próximos. Ministros criticam
abertamente a chefe e o seu imobilismo. Não lhe dão ouvidos, nem arriscam
palpites.
Ninguém mais se entende no
Executivo. Mesmo o mentor e padrinho, Lula, já percebeu que o seu melhor
caminho é sem ela. Com Dilma a arrastar a sangria da máquina pública até às
próximas eleições, as chances do petista estarão definitivamente anuladas. Com
a retirada da pupila, ele passa à oposição e conseguirá, certamente, olhares
mais complacentes (e até algum apoio) dos adversários contra as investigações
dos desvios que os comandados eventualmente cometeram aqui e ali.
Depois de amargar a prisão de
nomes históricos de seus quadros e de dois ex-tesoureiros, O Partido dos
Trabalhadores busca garantir a própria sobrevivência e nesse sentido, a mando
de Lula, posicionou-se contra a permanência de Eduardo Cunha no controle da
Câmara. Foi um ponto de inflexão importante!
Contrariando recomendações diretas
do Planalto, que queria fechar um acordo com o desafeto, o PT optou por deixar
Dilma à própria sorte e tentou limpar a imagem já chamuscada da legenda
resistindo, ao menos uma vez, à barganha rasteira. A guerra fratricida está
aberta, muito embora o jogo de aparências, com demonstrações públicas de afeto,
siga em frente.
A sequência de equívocos
presidenciais e as iniciativas fracassadas de composição ruíram com as chances
de um governo realmente representativo.
Por atos e omissões, isolada
na soberba, Dilma perdeu a capacidade de continuar no comando. Seu prestígio
vai ladeira abaixo. Nos últimos tempos ela se preocupou basicamente com as
miudezas da barganha política. Mandou às favas qualquer prioridade de natureza
social. Concentrou esforços no esquema deplorável do toma-lá-dá-cá.
E vai seguir nele, levada pela
ilusão de que irá garantir assim a continuidade. Lastimável! No cômputo geral,
o primeiro ano de seu segundo mandato foi um desastre. Com toda a sorte de
desatinos possíveis. Inclusive crimes de responsabilidade! Tirar as pedaladas
fiscais dessa rubrica é sofismar os fatos. Ocorreu uma adulteração grave das
contas públicas. E o processo de impeachment tem dessa maneira contexto e base
legal para seguir adiante.
Cunha, o deputado enrolado,
deu apenas andamento a algo que obedecerá trâmites constitucionais, com ampla
participação do parlamento, longe das descabidas ilações sobre golpe. As
lideranças precisam agora tomar as rédeas para que uma nova perspectiva, mais
favorável à Nação, se apresente rapidamente. Só dessa forma haverá uma revisão
de humores, uma retomada da confiança – vital para que o País saia do atoleiro.
Essa reviravolta de expectativas já foi, aliás, sentida ato contínuo a
aceitação do impeachment. O mercado financeiro reagiu com uma euforia poucas
vezes vista nos últimos tempos, como a defender que a era Dilma está no limite.
Bolsa em alta e câmbio em regressão acentuada deram claras demonstrações de
torcida por uma mudança de rumo.
Os investidores, ao expressar
em números os anseios nacionais, “precificaram” como excelente a eventual
retirada da presidente. Isso diz muito do clima predominante, mas a mobilização
da opinião pública neste momento será o fiel da balança para que o processo
ganhe força e supere as negociatas em um Congresso fragmentado e consumido por
escândalos.
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