quarta-feira, 22 de março de 2017

[Atualidade em xeque] Cotidiano brasileiro

José Manuel

Desde 1970 até 2002, por trabalhar em uma empresa aérea, a minha ferramenta de trabalho principal era o meu passaporte sempre em dia.

Ao me aposentar em 2002, o meu passaporte, renovado no início de 2006, só expirava em 2011.

Em meados de 2006, o governo roubou os meus proventos do meu fundo de pensão, pelos quais paguei vinte e dois anos, sem maiores explicações, me deixando à deriva com todos os problemas que isso acarretou e, claro, sem passaporte que expirou e não foi renovado.

Permaneci durante nove anos apenas recebendo 8% dos meus proventos originais e sem passaporte, ou seja, meio cidadão.

Resolvi então montar uma empresa logo após a perda dos meus proventos, a fim de equilibrar o meu orçamento e os meus compromissos.

Em 2016, fui uma das 108.000 empresas falidas pela má gestão governamental em que o país se encontra até hoje, e ficando, claro, com um passivo enorme a pagar.

Em 2015, após muita luta na justiça, e por ser idoso, um desembargador reconheceu o roubo executado pelo governo em uma ação judicial e fez a justiça, em que eu seria um tutelado do governo até que os meus salários atrasados sejam repostos.

Com isso venho aos poucos tentando normalizar a minha situação civil, virada do avesso, com perdas materiais de uma vida de trabalho, neste país irresponsável com seus cidadãos.

Hoje, 22 de março de 2017, finalmente em melhores condições e estando agendado na Polícia Federal para a solicitação de um novo passaporte, passou-se o seguinte diálogo com a atendente: 



Eu - Bom dia
PF - Bom dia, documentos por favor
Eu - Aqui estão todos os exigidos na relação
PF - A sua carteira de habilitação por favor.
Eu - Não vim de carro, não está comigo e não vi esse item na relação dos documentos.
PF - A sua carteira de identidade não vale mais, e para validá-la é preciso ter a carteira de habilitação em dia.
Eu - Desculpe, uso a minha carteira em todos os lugares onde é necessário, nunca me disseram que ela tinha validade, não está escrito isso nela, tampouco no documento de agendamento.
PF - Concordo senhor, mas não posso aceitar porque será a minha responsabilidade se eu o fizer.
Eu - Está bem, para não perder este agendamento aqui está conforme pedido, um documento meu que é o passaporte anterior.
PF - Esse documento também não vale mais, porque agora o passaporte é outro.
Eu - Obrigado e o que tenho que fazer agora?
PF - Terá que fazer um novo agendamento via internet e trazer a carteira de habilitação.
Eu - Obrigado, bom dia.

Quando instituições de um país cometem falhas pueris como a relatada, sem calcular o prejuízo que podem acometer aos seus cidadãos, é de se imaginar em uma esfera global, incluindo previdência social, leis, justiça, organismos de Estado, esferas policiais, sociais, escolares, o que pode acontecer e mais, concorrer para que o país ande muito.
Para trás. 
Título e Texto: José Manuel - e eu só pedi um passaporte, ao qual tenho direito. 22-3-2017

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