Rafael Marques de Morais
Como parte do projeto de
melhoria do saneamento básico em Luanda, a multinacional brasileira Odebrecht
construiu a vala de drenagem 1, a céu aberto, no Distrito Urbano da Samba.
A vala desagua no mar e serve
hoje para depósito de lixo por parte da própria administração da Samba, bem
como dos moradores locais. Durante o surto da febre-amarela, em 2016,
registaram-se inúmeras mortes naquela zona. Na Samba, o lixo mata e o desastre
ambiental é indescritível, sobretudo na praia pequena da Samba, para onde a vala
de drenagem descarrega as águas.
Da praia pequena, no meio do
lixo, veem-se, a menos de três quilômetros, as obras monumentais da Assembleia
Nacional e do Mausoléu. Um pouco mais acima, está o palácio presidencial.
Dezenas de crianças, ignorantes daquela imagem de poder e riqueza, brincam com
a morte, no meio do lixo.
É neste lugar que facilmente
se compreende por que Angola tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo.
Essas crianças são parte do lixo, e não do Estado angolano, que deveria
servi-las e protegê-las.
Bem espelhado neste lixo
mortífero, vemos o verdadeiro rosto da corrupção e da má gestão da coisa
pública em Angola.
Título, Imagem, Vídeo e Texto:
Rafael Marques de Morais, Maka Angola,
10-4-2017
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