terça-feira, 11 de abril de 2017

Samba: a vala do lixo

Rafael Marques de Morais



Como parte do projeto de melhoria do saneamento básico em Luanda, a multinacional brasileira Odebrecht construiu a vala de drenagem 1, a céu aberto, no Distrito Urbano da Samba.

A vala desagua no mar e serve hoje para depósito de lixo por parte da própria administração da Samba, bem como dos moradores locais. Durante o surto da febre-amarela, em 2016, registaram-se inúmeras mortes naquela zona. Na Samba, o lixo mata e o desastre ambiental é indescritível, sobretudo na praia pequena da Samba, para onde a vala de drenagem descarrega as águas.

Da praia pequena, no meio do lixo, veem-se, a menos de três quilômetros, as obras monumentais da Assembleia Nacional e do Mausoléu. Um pouco mais acima, está o palácio presidencial. Dezenas de crianças, ignorantes daquela imagem de poder e riqueza, brincam com a morte, no meio do lixo.

É neste lugar que facilmente se compreende por que Angola tem a maior taxa de mortalidade infantil do mundo. Essas crianças são parte do lixo, e não do Estado angolano, que deveria servi-las e protegê-las.

Bem espelhado neste lixo mortífero, vemos o verdadeiro rosto da corrupção e da má gestão da coisa pública em Angola.


Título, Imagem, Vídeo e Texto: Rafael Marques de Morais, Maka Angola, 10-4-2017

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