Rui Verde
O general Bento Kangamba quer processar o
juiz português Carlos Alexandre. A notícia foi avançada no último dia do mês de
fevereiro deste ano de 2017
Ao que parece, o general
sobrinho (por casamento) do ainda presidente da República de Angola, José Eduardo
dos Santos, está zangado porque o juiz Carlos Alexandre não arquiva um processo
que contra ele corre em Portugal por branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Ora, a realidade é que nem o
juiz Carlos Alexandre nem nenhum outro juiz podem arquivar processos. Na fase
de inquérito, quem pode fazê-lo é o Ministério Público. Portanto, talvez seja
melhor Kangamba processar algum procurador, já que se tornou mais difícil
comprá-los…
Mas talvez o general esteja a
pensar no juiz vizinho de Carlos Alexandre, de seu nome Ivo Rosa, que se
revelado perito em “arquivar” processos contra entidades angolanas. Ainda
assim, as decisões deste juiz não são exatamente arquivamento, mas verificação,
pela sua parte, de que os tribunais portugueses não têm competência internacional
para julgar factos ocorridos em Angola. O general tem certamente bons advogados
portugueses que lhe explicam estas minudências.
O engraçado é que o general
deve andar esquecido, ou demasiado entretido, porque já em março de 2016, há um
ano, portanto, Bento declarou à RTP, televisão pública portuguesa, que ia
processar Carlos Alexandre.
Todos os anos pelo Carnaval
Bento Kangamba anuncia que vai processar Carlos Alexandre. E depois? Depois,
nada. Deve ser a ideia de Carnaval de Bento Kangamba.
Resta saber se também tem a
mesma disposição litigante face às autoridades judiciárias no Brasil (Operation
Garina) e em França, onde correm ou correram processos-crime contra si. Aliás,
era interessante saber o ponto exato em que se encontram os vários processos
que correm por esse mundo fora contra Bento Kangamba.
É evidente que a charla de
Bento não passa de mais uma manobra de diversão para acossar a justiça
portuguesa após a acusação a Manuel Vicente. Mas esta descoberta por parte do
governo angolano da grave ofensa de Portugal pelo facto de Manuel Vicente ter
sido acusado é uma brincadeira para entreter tolos (aliás, basta ver o tempo
que levou até haver reação).
A investigação contra Manuel
Vicente e o procurador português Orlando Figueira (os acusados de corromper e
ser corrompido) só começou porque “aterraram” no Ministério Público de Portugal
documentos comprovativos para além de qualquer dúvida desses atos. E a origem
desses documentos foi Luanda. E como a entrega desses documentos não resultou,
desta vez, de um trabalho de investigação de Rafael Marques, que dá a cara
quando acusa, obviamente que foram altos responsáveis de Luanda quem resolveu
“oferecer” às autoridades portuguesas as provas comprometedoras.
Aliás, se não fosse assim, as
autoridades portuguesas não teriam agido. Durante muitos anos, corrompidas ou
não, a sua atitude foi sempre de conivência e deferência face a Angola. E, atualmente,
a política é de não intervenção e neutralidade. Isto quer dizer que as
autoridades portuguesas, podendo, arquivam tudo o que diga respeito a Angola.
Portanto, estas lágrimas relativas à acusação a Manuel Vicente são lágrimas de
crocodilo.
Quanto a Bento Kangamba, temos
que aguardar pelo próximo Carnaval para ver se anuncia novamente um processo
contra Carlos Alexandre.
Título e Texto: Rui Verde, Maka Angola, 2-3-2017
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-