sexta-feira, 20 de outubro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Considerações à galinha de Hitler, adaptáveis aos consanguíneos desta pútrida pátria desamada e sem lei

Aparecido Raimundo de Souza

CONTA COM MUITA PROPRIEDADE e força de expressão a piada abaixo, que Adolf Hitler, em uma de suas reuniões, com seus soldados do Partido Nazista, pediu a um deles que lhe trouxesse uma galinha.
- O senhor quer a penosa como? Ensopada, ao molho pardo, com quiabo ou assada ao forno a fogo brando, a filé à milanesa, ou empanada com recheio de queijo?
- Deixa de palhaçada. Quero ela viva, seu imbecil.
- Viva? Não estou entendendo...
- Não há o que entender ou discutir. Corra atrás de uma antes que eu pegue você de jeito.
- Sim, senhor.
O sujeito bateu continência e saiu apressado, porta afora, a cumprir as ordens do seu comandante.

Coisa de meia hora depois, de fato, voltava o soldado com o pedido em uma espécie de sacola improvisada. A penosa estava de cabeça para baixo, somente o bico de fora, aberto, em face do calor reinante. Assim que a recebeu do subalterno, Hitler a agarrou forte com uma das garras enluvadas, enquanto, com a outra, a depenava de forma desumana e impiedosa. À medida que a livrava das penas, berrava, eufórico:
- Heil, Hitler...
Todos os presentes repetiam em cantochão:
- Heil, Hitler...

Nesse chove não molha, a indefesa e pobre, sem saída, desesperada pela dor agonizante, queria fugir, todavia, seus esforços redundavam em desacordo com as suas vontades. A mão do Chanceler do Reich que a detinha o fazia com força descomunal, assim como a que lhe aplicava o degradante e ignominioso castigo.
E que castigo era esse? Hitler arrancava, com força, uma a uma, as suas penas. Enquanto maltratava a pobre indefesa, desprotegida e desarmada, rindo como um desmiolado, o vilão aproveitava para dizer alto e em bom tom, a seus colaboradores:
- Agora, observem o que acontecerá. Heil, Ritler!
E os paus mandados devolviam a saudação como vaquinhas de presépio:
- Heil, Ritler!

Adolfo num dado momento, soltou a galinha no chão e se afastou um pouco dela. Pegou um punhado de grãos de trigo sobre uma pia imunda e, em seguida, começou a caminhar pela sala, em ziguezague. À medida que o fazia, atirava à coitada esses alimentos pelos assoalhos afora. Seus colaboradores assistiam atônitos e assombrados.

A infeliz galinha, assustada, dolorida e sangrando bastante, seguia as carreiras, ora cambaleando, ora se arrastando, atrás de seu perverso castigador. E o fazia numa afoiteza enervante. Tentava abocanhar as duras penas (imaginem, a duras penas), alguns restos, dando voltas e voltas pelo cômodo enorme, passado por debaixo de mesas, cadeiras, contornando sofás e outras tranqueiras que adornavam o aposento.

A galinha seguia Hitler fielmente por todos os lados. E não desistia, embora parecesse cansada, amargurada pelas apoquentações dos apertos atormentantes criados pelas dores de ter sido fustigada sem nenhuma razão aparente. Na verdade, seu corpo frágil e débil, fora duramente flagelado, a sanha de um degradado que não tinha coração. Homem frio, nojento, asqueroso, perverso. Esse era Adolf, o carrasco.

De repente, o alemão infame parou. Sorriu com seu bigodinho de veado malcomido. Encarou seus pares. Todos, ali, estavam sem ação, totalmente surpreendidos. Então, o homem forte, Führer da Alemanha Nazista de 1934 a 1945, deu a paulada final, a cacetada aniquilante. Expôs, a boca espumando:
- Prestem atenção ao que direi agora. Anotem para não esquecer. Assim, facilmente, meus caros camaradas, se governa os estúpidos, os áridos, os insuportavelmente brutos e sem inteligência.

Dessa forma se traz sobre o cabresto, sobre a chibata, sobre as botas, os boçais, os vazios de ideias e ideais, os inconsequentes que se deixam levar pela imbecilidade. Viram como a galinha grudou em meus calcanhares, como a multidão estabanada querendo pular por cima de um muro inexistente? Apesar da dor ingente que lhe causei, ela não desistiu. Percebam que lhe tirei tudo. As pelugens... deixei-a mercê da própria fatuidade. Tripudiei sua dignidade, despojei-a do que mais belo possuía. As penas.

Elas eram a sua vestimenta. O seu escudo, a sua força, o seu refúgio. Eram esses pelos que cobriam as suas vergonhas, que agasalhavam as suas pudicícias, tapavam seus decoros, engalanavam suas distinções e a sua honradez. Entretanto, ainda dessa forma, desprovida dessa cobertura que a põe nua, destituída de suas virtudes, escalvada, desguarnecida, vazia, vencida, humilhada, escarpelada, me seguiu e se eu voltar a insistir, se eu a chutar com fúria, ela continuará em minha aba, à cata de novos farelos.

Moral da história, caros amados.

De igual maneira essa pequena grande lição, nos serve de aprendizado.  A maioria das pessoas, senhoras e senhores, segue seus governantes e políticos. Não importa a bandeira do partido. Simplesmente esses malucos vão em caminho às cegas, no encalço, apesar da dor vexatória que estes lhes causem e, mesmo lhes tirando a saúde, a educação, a moral, manchando o bom senso, pisando a dignidade, a batuta do valoroso, pelo simples gesto de receber um benefício barato ou algo para se alimentarem, por um ou dois dias, a galera dos debiloides seguirá aquele (ou aqueles) que lhes dará as sobras, os restos do que foi endereçado ao cesto de lixo.

Essa via de mão única, amadas e amados, é a realidade da grande maioria dos brasileiros. De todos, sem exceção. Um povo pobre, uma gentalha fodida, uma multidão sem eira, nem beira. Um bando de palhaços e bufões, que se curva, que se sujeita, que se entrega, vencido, cansado, oprimido, quando deveria ter vergonha na cara e lutar. Pugnar para se ver longe da devastação, da merda nojenta que os canalhas, os salafrários, os bandidos travestidos de parlamentares do planalto central impõem à nação inteira. 

Somos, pois, um punhado de cocô elevado à bacia da privada mais nojenta que possa existir na face da terra. Perante esses párias, nos tornamos um zero à esquerda. Corpos sem vida, cadáveres à procura de um lugar para enfiarmos a nossa burrice sem fronteira, a nossa honra, a nossa moral, enfim, a carcaça e os ossos apodrecidos.  

Em face desse quadro lastimoso, indecoroso, cai por terra aquela frase vagabunda, prostituída, marginalizada: “TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME É EXERCIDO”.  Mentira deslavada. Sem nexo. Somente uma cambada de filhos da puta acredita nessa balela. Somente um país devastado, desgastado, sujo, imundo, crê que o poder (ou todo o poder) emana de suas raízes.

Pobres galinhas. A historinha que trouxemos serve de exemplo de patamar, para todos nós, vagabundos, ordinários, bobalhões e manés. SOMOS GALINHAS. O POLEIRO ESTÁ ARMADO EM BRASÍLIA. Nesse poleiro, sujo moram os senadores, os deputados, os presidentes, os ministros, a justiça... nesse imenso poleiro estão os galos. Cantam como tal. Ciscam ariscos. Falam bonito, discursam palavras melosas. Entretanto, APESAR DE VIVERMOS, ou melhor, de vegetarmos em derredor dele, NOS TORNAMOS UM BANDO DE GALINÁCEOS DA PIOR ESPÉCIE.
 
E nesse viver sem amanhã, sem talvez, aqui estamos à espera, com nossos rabos direcionados às esporas dos galos popozudos. Com nossos traseiros virados, prontos, lavadinhos, perfumados, à espera dos ferros entrando em rotas de estupros. De verdade, senhoras e senhores? MERECEMOS!
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De Vila Velha, no Espírito Santo. 20-10-2017  

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