sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holanda X Brasil: o jogo em que não se ganha nada, mas se pode perder tudo


Dois dos candidatos a um lugar na final jogam já hoje nos quartos-de-final

Holanda-Brasil: o jogo em que não se ganha nada mas no qual se pode perder tudo

02.07.2010 - 08:48 Por Jorge Miguel Matias
Duelo entre duas selecções moralizadas e que surgiram na África do Sul com um futebol mais pragmático do que espectacular. Nos sul-americanos, Elano e Ramires ficam de fora. O Holanda-Brasil joga-se hoje (15h, RTP1).

Um Mundial tem sempre jogos destes, em que duas das selecções apontadas como favoritas a jogar a final têm que se defrontar um pouco antes. O embate entre a Holanda e o Brasil, nos quartos-de-final, encaixa neste figurino e deixa água na boca. Perder significa ficar pelo caminho demasiado cedo; ganhar representa continuar na corrida ao título e enfrentar um adversário teoricamente acessível - Gana ou Uruguai - antes da final. 

Até aqui, as duas selecções cumpriram com relativa facilidade o trajecto que era suposto fazerem. A Holanda somou quatro vitórias em outros tantos encontros; o Brasil só não derrotou e marcou golos a Portugal. De resto, os seus adeptos festejarem sempre por mais do que uma vez.
A previsão é, por isso, a de um grande jogo de futebol. Até porque, nos genes das duas selecções encontra-se algum do melhor futebol do mundo - veloz, criativo, ofensivo. Ou melhor, encontrava-se. Porque quer a equipa orientada por Van Marwijk, quer a formação dirigida por Dunga não mostram ser muito influenciadas por questões de hereditariedade e apresentam-se na África do Sul como selecções mais preocupadas com a segurança defensiva do que com a espectacularidade ofensiva (para isso tem havido a Argentina).
Mesmo assim, o Brasil apresentará um trio maravilha (Fabiano, Robinho e Kaká) no ataque, suficiente para levar Van Marwijk a aliviar a pressão dos ombros dos seus jogadores. "Pela primeira vez desde o início da competição não somos os favoritos num jogo", afirmou o seleccionador holandês, sempre a tentar minimizar a polémica em torno do "incidente" Van Persie - "Não é a mim que deves tirar mas ao Sneijder", terá dito o avançado ao ser substituído no jogo dos oitavos-de-final, contra a Eslováquia segundo uma televisão holandesa.


Dunga e a tramóia europeia

A poucas horas do desafio, o clima que se viva na Holanda e no Brasil é de expectativa. Uma derrota e consequente eliminação do Mundial numa fase ainda tão prematura da prova será, inevitavelmente, encarada como um fracasso. Para os brasileiros seria repetir pela segunda vez consecutiva a desilusão de há quatro anos, quando a selecção treinada por Carlos Alberto Parreira também se ficou pelos quartos-de-final. Para os holandeses significaria recuar até 1998 (desde esse ano que a selecção laranja não chega aos "quartos" de um Mundial).
Por tudo isto, será pouco previsível que alguma das duas equipas abdique do estilo conservador e algo calculista que tem apresentado até ao momento. Um facto que não incomoda muito a Holanda (para futebol espectáculo bastaram as finais perdidas de 1974 e 1978, principalmente a primeira), mas que motiva discussões acaloradas entre os brasileiros.
Campeão do mundo em 1970, o Brasil deslumbrante de Pelé nunca mais voltou a aparecer (apesar dos títulos de 1994 e de 2002) para grande desgosto da maioria dos seus adeptos, que esperam não apenas que o "escrete" vença os mundiais mas que o faça em grande estilo.
Dunga tem uma teoria muito própria sobre a polémica, considerando que ela faz parte de uma artimanha dos europeus para impedir a conquista do sexto título pelo Brasil. "Se vamos começar novamente a debater a questão do futebol bonito, provavelmente vamos estar sem ganhar [um Mundial] mais 24 anos. Os europeus estarão a festejar e nós a sofrer", disse Dunga, que tem 41 vitórias em 58 jogos (perdeu só cinco) como seleccionador mas que continua a não convencer os brasileiros. "Temos sempre que ganhar, mas quando ganhamos [os fãs] criticam porque não jogámos bem. Se jogamos bem, ficam descontentes porque não marcámos seis ou sete golos. Se marcamos seis ou sete golos, dizem que o adversário era fraco..."
Na Holanda, um país com 16,5 milhões de habitantes, dos quais 10,1 milhões assistiram à partida dos oitavos-de-final contra a Eslováquia, Dunga sentir-se-ia tão melhor compreendido...
Jornal "O Público", 02 de junho de 2010


Um comentário:

  1. Holanda, 2 X Brasil 1. Vamos tentar ser o MELHOR do MUNDO nas áreas REALMENTE VITAIS para o povo brasileiro?... Não custa tentar

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-