quinta-feira, 15 de julho de 2010

A justiça iraniana não suspendeu a lapidação de Sakineh Ashtiani

Santo Estévão é o primeiro mártir cristão. Acusado de blasfémia, foi julgado e morto à pedrada. Assistiu e apoiou a lapidação de um tal Saul de Tarso, que, mais tarde, convertido, se tornaria São Paulo - maior que Santo Estevão na história do cristianismo. Quem sabe se Manucher Mottaki não será, amanhã, um homem digno? Hoje, ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, em périplo europeu, acaba de dizer que "a justiça iraniana não suspendeu a lapidação" de Sakineh Ashtiani. Esta iraniana foi condenada, já aqui o lembrei, a ser morta por lapidação por ter cometido adultério. Homem de muita fé, eu escrevi então que já não ia ser por pedras, contente porque a embaixada iraniana em Londres acabara de dizer que Sakineh talvez viesse a ser morta só à forca. Mas, agora, o ministro Mottaki veio repor as pedras no menu. Há dias, escrevi, eu estava disposto a saudar o embaixador do Irão (e por maioria de razão, o ministro) por ter abandonado a idade da pedra. Não sendo assim, volto ao meu desprezo tradicional. Mas confiante na conversão do género humano: quem sabe se Manucher Mottaki não vai ser ainda um São Paulo da democracia? Sakineh Ashtiani é que pode deixar-se de ilusões, os mártires de hoje já não chegam a santos - ela será, e só, um corpo macerado e cortado. Pormenor (está no código penal): as pedras não podem ter tamanho que matem à primeira ou à segunda.

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