quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lula e as suas trapalhadas megalômanas

Do jornal "Público", 07.07.2010 - 15:02

A 16 dias da cimeira lusófona de Luanda

Críticas a Lula por apoiar a presença da Guiné Equatorial na CPLP

A Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola, recebeu esta semana o apoio do Brasil para a sua candidatura a membro efectivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde já é observador.
“Escolhemos entrar para a Comunidade dos Estados de Língua Portuguesa, estamos em plenas negociações e creio que teremos êxito nesta integração. O Presidente Lula da Silva apoia-nos neste plano”, declarou Juan Noel Nsue Ondo, director-geral e assessor de política internacional da presidência daquele país, desde 1979 dirigido por Teodoro Obiang Nguema.
Na cimeira da CPLP que se efectuou em Lisboa no mês de Julho de 2008, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste aceitaram a aproximação da Guiné Equatorial, apesar de muitas vezes ela não demonstrar respeito pela democracia e pelos direitos humanos. E agora o processo deverá ficar conluído na cimeira de Luanda, em 23 de Julho.
Cabo Verde reafirmou em Abril apoiar o regime de Nguema como membro de pleno direito; e segundo as autoridades de Malabo a apresentação também continua a ser aceite por Portugal.
De acordo com Nsue Ondo, citado pela agência noticiosa angolana Angop, a entrada da Guiné Equatorial conduzirá ao ensino do português naquele país da África Ocidental, sensivelmente com o mesmo tamanho que a Guiné-Bissau, mas com uma exportação de petróleo por habitante semelhante à do Kuwait.
Tendo estado em Malabo com o Presidente Lula da Silva, o ministro brasileiro Celso Amorim respondeu às críticas em relação a esta aproximação dizendo que “negócios são negócios”. Mas Miriam Leitão comentou no jornal “O Globo” que, “na espantosamente equivocada diplomacia do Governo Lula, tudo vive misturado”.
A articulista entende que Brasília está a utilizar em relação à república presidencialista de Teodoro Obiang Nguema um critério bem diferente do que aquele que utiliza ao não reconhecer as Honduras do Presidente Porfírio Lobo, alegando que o mesmo deu um golpe contra o antecessor, Manuel Zelaya.
Aliás, Lula também retirou à última hora a Guiné-Bissau do seu périplo africano, depois de aí ter tomado posse como chefe do Estado-Maior General António Indjai, que em Abril protagonizara uma movimentação golpista.
Quando lhe convém, diz “O Globo”, Brasília usa argumentos da frieza comercial, da boa influência brasileira sobre maus governos ou da não interferência em assuntos internos. E, “em alguns momentos, faz mesmo a defesa ideológica de regimes autoritários, como os de Cuba e Venezuela”.
A concluir o seu trabalho sobre as mais recentes posturas de Lula, a jornalista Miriam Leilão comenta que “a diplomacia brasileira já soube defender valores e ser pragmática; abrir mercados e ter distanciamento crítico em relação aos governos. Hoje, não sabe mais”. 


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