domingo, 22 de agosto de 2010

A nobre arte da grossura


Adriana Vandoni, 22-08-2010

(Giulio Sanmartini) Sou de um tempo que não se dizia nem a palavra “pô” na frente de mulheres, não era de bom gosto, as outras nem pensar. Pois é, foi nesse período (1968) que fui ao Maracanã assistir o que se chamou “Jogo da Rainha”, uma partida entre paulistas e cariocas com a presença da Rainha da Inglaterra Elizabeth II.
As duas grandes estrelas do jogo foram primeiro Pelé e depois o arbitro Armando Marques. No estádio lotado, Armando marques apita uma falta que desagradou os assistentes, mas passou, todavia quando veio a segunda o povo não se conteve e começou a xingar em uníssono o juiz, começando por “viado” e passando logo para “filho da puta”. Ora quando 180 mil pessoas, ignorando a presença da monarca soltam o verbo, as palavras ditas deixam de ser palavrão e podem ser usadas normalmente. Foi mais ou menos o que aconteceu.
Nos dias que correm a banalização da grossura e da palavras de mau gosto, tem como paladino o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele o faz para mostrar-se engraçadinho, tem a consciência que dizer palavrões em público lhe dará mais popularidade.


Em dezembro passado, durante cerimônia de assinatura de contratos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, em São Luís, no Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou um palavrão. O termo foi usado durante discurso no qual ele defendia que nenhum governo investiu tanto em saneamento básico.
“Eu não quero saber se o João Castelo (prefeito de São Luís) é do PSDB, não quero saber se o outro é do PFL, não quero saber se é do PT, eu quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra. Esse é o dado concreto” e complementou  prevendo que seria criticado e disse que os comentadores dos grandes jornais destacarão o uso de um palavrão no seu discurso. Era isso exatamente o que ele queria.
Exigir elegância de Lula é uma ilusão, pois ele caracteriza-se pela grossura e pela falta de vergonha, mesmo assim envio alguns itens que fazem do xingar uma arte.
Não xingue os desafetos ausentes ou mortos, tente fazê-lo frente a frente com o ofendido, pois assim parecerá um ato de coragem.  Para dar mais força ao palavrão profira-o com sotaque bem carioca. Se acabou de perder uma votação no Congresso, que tinha como certa a vitória, é aceitável um “puta que o pariu”.. Use somente palavrões dos quais conhece o significado. Na dúvida, com um sonoro “vá tomar no cu”, não se erra nunca.
Fotomontagem: Lula depois de prometer que ia “tirar o povo da merda”, tira é um sarro em quem acreditou.

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