Tiago Pimentel, jornal "Público", 12-08-2010
O presidente da FIFA admitiu ontem estar preocupado com a situação do seleccionador e dos jogadores da Coreia do Norte. Sepp Blatter garantiu que o organismo que tutela o futebol a nível internacional vai investigar os alegados castigos aos elementos da comitiva norte-coreana que marcou presença no Mundial da África do Sul. "Enviámos uma carta à federação norte-coreana para sabermos se as denúncias são verdadeiras", declarou o dirigente.
O assunto veio pela primeira vez a público no mês passado, quando a emissora Radio Free Asia divulgou que os jogadores terão sido submetidos a seis horas de humilhação pública, durante as quais foram obrigados a ouvir "crítica ideológica" e a permanecer em posições desconfortáveis diante do Palácio da Cultura Popular, em Pyongyang. Segundo a mesma fonte, apenas Jong Tae-se (a estrela da equipa, que chorou antes do primeiro jogo, enquanto tocava o hino norte-coreano) e An Yong-hak (que viajou directamente para o Japão) se livraram do castigo. O mesmo relato refere ainda que os jogadores terão sido instados a criticar o técnico Kim Jong-hun, sobre quem terá recaído a pena mais pesada: alegadamente, terá sido enviado para um campo de trabalhos forçados.
Tudo porque a primeira participação da Coreia do Norte num Mundial desde 1966 foi um fracasso. "Demos um primeiro passo e veremos qual será a resposta. Mas não vai ser simples", sublinhou Sepp Blatter, acrescentando que a investigação teve início após novos elementos terem sido apresentados pelo sul-coreano Chung Mong-joon, membro do comité executivo da FIFA.
Mohammed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática de Futebol, revelou ter-se encontrado no mês passado com vários jogadores norte-coreanos que estiveram presentes no Mundial, mas não com o seleccionador Kim Jong-hun. "Havia informações segundo as quais estes jogadores teriam sido submetidos a tortura, mas não posso confirmar isso", disse o dirigente. "Não vi nada com os meus olhos nem ouvi nada com os meus ouvidos. Talvez a investigação da FIFA consiga esclarecer o que se passou", acrescentou.
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Kim Jong Hun, técnico da seleção da Coreia do Norte - Foto: Arquivo d'O Globo |
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