quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Frei Betto criou um monstro

Adriana Vandoni

(Giulio Sanmartini) O frade  dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, nacionalmente conhecido por Frei Betto (não sei onde foram arrumar dois “ts” para um apelido em português), mais dado ao materialismo histórico que a textos católicos, sempre jactou-se  de ter sido o líder “espiritual” da família Lula, nos anos 1988-1984 especialmente, durante o movimento sindical dos metalúrgicos da região do ABC, por isso se fez co-fundador da CUT.

Teve um grande momento de exultação, quando viu seu pupilo Liz Inácio Lula da Silva, atingir pelo voto, o mais alto posto do país (2002). Foi nomeado coordenador do programa “Fome Zero”, mas passados dois anos deixou o governo alegando inicialmente “motivos pessoais”, mas no correr desses 6 anos ele passou a ser crítico do que ajudou a fazer.

O amigo pessoal de Lula, numa espécie de queixa, afirmou que o PT mudou os rumos de sua política e deixou de lado um projeto inicial de governo, para se dedicar a um “projeto de poder”: “É um governo que lamentavelmente na sua trajetória mudou a rota. Deixou de lado um projeto de Brasil, por um projeto de poder, a ponto de fazer hoje uma coligação de 14 a 16 partidos em função de um horizonte de poder e não um horizonte de Brasil”.

Frei Betto voltou a carga nesse mês de julho passado, em entrevista ao periódico de esquerda  “Caros Amigos”. Disse ele: “O Brasil é o paraíso do capital especulativo. E no lugar de um programa que tinha um caráter emancipatório, se introduziu um programa de caráter compensatório que é o Bolsa Família”. Depois, que aprendeu no governo duas grandes lições: “Governo é que nem feijão, só funciona na panela de pressão. Só que quem mais pressiona o poder público são as elites através de lobbies muito bem pagos e organizados. Nós, movimentos sociais precisamos fazer a mesma coisa”. E, “governo não muda ninguém. Faz as pessoas se revelarem. Tem um ditado espanhol que é fantástico: ‘Se quiseres saber quem é Juanito, dê-lhe um carguito’”.

Finaliza, o que ainda se diz amigo de Lula, mostrando que nesse governo não há esperanças para um futuro que ele passou a vida sonhando: “Serão oito anos sem nenhuma reforma estrutural, nem agrária, nem a tributária, nem a política, nem a da saúde e da educação. Se a gente considerar que o governo joga através dos títulos da dívida pública quase R$ 300 bilhões para fomentar a especulação no mercado financeiro e apenas R$ 44 bilhões na saúde, um pouco menos na educação”.

Frei Betto deixa entender que tem consciência de ter criado um monstro e não sabe como fazer para destruí-lo.

(*) Foto: Frei Betto como capa de “Caros Amigos”

(*) Texto de apoio: José Aparecido Miguel 

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