Felipe Salto é um economista da Tendências Consultoria. Ele concedeu uma entrevista a Daniel Bramatti, no Estado Online. O título espelha a sua opinião. Leiam. Volto em seguida:
Oposição age de maneira irresponsável ao defender R$ 600, diz economista
Para o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, parte da oposição está agindo de maneira “irresponsável” ao defender um salário mínimo de R$ 600. Segundo Salto, que é especialista em política fiscal e contas públicas, aumentos mais fortes dos juros seriam necessários nos próximos meses para compensar a elevação do piso salarial para o nível defendido pelo PSDB.
A economia brasileira suporta um aumento de R$ 600 para o salário mínimo?
Há dois impactos que precisam ser levados em conta na discussão sobre a questão. O primeiro é fiscal. O aumento do mínimo eleva as despesas do governo com Previdência, benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social e seguro desemprego. A cada real a mais no piso salarial, o governo gasta R$ 300 milhões a mais por ano. Ou seja, se o valor chegar a R$ 600, em vez dos R$ 545 propostos pelo governo, haverá um gasto adicional de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões. O segundo impacto é o inflacionário.
Há dois impactos que precisam ser levados em conta na discussão sobre a questão. O primeiro é fiscal. O aumento do mínimo eleva as despesas do governo com Previdência, benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social e seguro desemprego. A cada real a mais no piso salarial, o governo gasta R$ 300 milhões a mais por ano. Ou seja, se o valor chegar a R$ 600, em vez dos R$ 545 propostos pelo governo, haverá um gasto adicional de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões. O segundo impacto é o inflacionário.
É possível estimar o impacto inflacionário de um eventual aumento nesse volume?
A massa salarial cresceu muito nos últimos anos. Se continuar crescendo, isso gerará uma pressão adicional sobre o consumo. E a consequência todos conhecemos: mais juros na cabeça. Já estamos em uma situação em que a inflação está acima da meta fixada pelo Banco Central. Talvez as três altas de meio ponto porcentual na taxa Selic que temos no cenário precisem ser ainda mais fortes.
A massa salarial cresceu muito nos últimos anos. Se continuar crescendo, isso gerará uma pressão adicional sobre o consumo. E a consequência todos conhecemos: mais juros na cabeça. Já estamos em uma situação em que a inflação está acima da meta fixada pelo Banco Central. Talvez as três altas de meio ponto porcentual na taxa Selic que temos no cenário precisem ser ainda mais fortes.
Em termos políticos, o senhor considera equivocada a opção de parte da oposição por esse valor?
Defender um salário mínimo de R$ 600 neste momento é uma atitude irresponsável da oposição. É no mínimo incoerente isso vir do PSDB, o partido que defendeu a bandeira da eficiência, de um estado fiscalmente responsável, que introduziu a questão da responsabilidade fiscal na agenda política e que fez com que fosse consolidada. Nesse momento, a oposição deveria estar apoiando o mínimo de R$ 545, até por coerência histórica.
Defender um salário mínimo de R$ 600 neste momento é uma atitude irresponsável da oposição. É no mínimo incoerente isso vir do PSDB, o partido que defendeu a bandeira da eficiência, de um estado fiscalmente responsável, que introduziu a questão da responsabilidade fiscal na agenda política e que fez com que fosse consolidada. Nesse momento, a oposição deveria estar apoiando o mínimo de R$ 545, até por coerência histórica.
Comento
É por isso que Salto é economista, não líder partidário — o que não quer dizer que os políticos estejam fazendo coisa muito melhor. Deixe-me ver se entendi o que passarei a chamar de “Paradoxo de Salto”: as oposições deveriam, por coerência a seu passado, defender os R$ 545 propostos pelo governo, o que, à sua maneira, em se tratando de PT e levando-se em conta o que o partido fazia quando na oposição, é também incoerente. Tá acompanhando, Salto?
É por isso que Salto é economista, não líder partidário — o que não quer dizer que os políticos estejam fazendo coisa muito melhor. Deixe-me ver se entendi o que passarei a chamar de “Paradoxo de Salto”: as oposições deveriam, por coerência a seu passado, defender os R$ 545 propostos pelo governo, o que, à sua maneira, em se tratando de PT e levando-se em conta o que o partido fazia quando na oposição, é também incoerente. Tá acompanhando, Salto?
Daí se conclui, então, que, para Salto, os tucanos devem ser os monopolistas da coerência no governo ou na oposição, e os petistas, num ou noutro lado, os da incoerência. Para o PSDB, será sempre o jogo do “perde-perde” e, para o PT, o do “ganha-ganha”.
A propósito: por que há tantos economistas nos sites e jornais falando sobre o que NÃO ACONTECERÁ?
Declaro aqui uma satisfação. Nunca vi tantos economistas e jornalistas fiscalistas como agora. Nós, os fiscalistas, os que adotamos idéias econômicas magras e severas há muitos anos, vencemos. É bem verdade que estávamos apontando a farra fiscal de Lula havia uns dois anos pelo menos. Acusaram-nos de inimigos dos pobres…
Só para encerrar: este não é um debate econômico, mas político.
Reinaldo Azevedo
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