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Congresso Nacional, Brasília. Foto: AD |
Peter Wilm Rosenfeld
Caros amigos leitores, não sei se conseguirei colocar no papel o que penso do Congresso brasileiro, Senado Federal e Câmara dos Deputados sem que, ao final da redação, me sinta sujo pela vergonha; certamente, grande massa de brasileiros tem os mesmos pensamento e sensação!
Sei que cenas de pugilato em plenário não são exclusividade do parlamento brasileiro. Temos visto cenas parecidas como as que, repetidamente, vemos aqui em congressos de outros países, inclusive o do Japão, cujo povo é normalmente respeitoso e circunspecto.
Mas não podemos, vendo o que outros fazem, aceitar o mesmo no Brasil.
Ademais, tenho certeza de que na maioria dos países os parlamentos são instituições sérias, que mantêm o respeito e a sobriedade que a função e o órgão requerem.
Mas se o problema fosse só esse, vá lá.
O que não pode ser aceito é o absoluto desrespeito que os parlamentares, principalmente os deputados, demonstram quando em plenário.
Em primeiro lugar, o estrado em que fica a mesa diretora (propositadamente em minúsculas), é uma Babel. Sempre cheia de gente, parlamentares, funcionários, jornalistas, fazendo com que aqueles a quem cabe dirigir os trabalhos e atentar para o que está acontecendo no plenário não saibam de nada.
No plenário a bagunça é maior ainda. Há sempre um tumulto em frente à Mesa, muito poucos de seus membros prestando atenção no que o orador está dizendo.
Dirão que estão ali porque é lá que existem dois ou três microfones para os que quiserem apartear o orador ou levantar questões de ordem. Balela !!!
Quem já ficou mais tempo assistindo a uma sessão, qualquer sessão, sabe que os deputados estão ali para poder perturbar o andamento dos trabalhos mais facilmente, inclusive conversando uns com os outros, muitas vezes ruidosamente.
Por que essa bagunça, por que essa falta de respeito?
Porque os deputados sabem que estão livres de toda e qualquer punição.
A Mesa Diretora não tem a menor autoridade e, penso, qualquer poder para impor a ordem. Então, quem o faria?
O desrespeito que os deputados demonstram para com sua própria “casa”, como gostam de dizer, é igual ao que têm para com seus eleitores (exceto, talvez, em períodos pré-eleitorais).
Isso deve decorrer, em grande parte, porque gozam da famosa “imunidade parlamentar”. Eles a têm mesmo que cometam, fora do Parlamento, crimes sérios como assassinato. Nada acontece!
Se a Justiça solicitar autorização para processá-los, essa nunca é concedida!
Penso, porém, que a maior ofensa para com o povo que, afinal os elegeu e os sustenta, são as mordomias e a semana de três dias. Qual cidadão trabalhador pode se dar ao luxo de só trabalhar poucos dias na semana? Certamente nenhum.
Se empregado, são 40 horas de trabalho semanais. Se empresário ou autônomo, são 50, 60 ou mais horas semanais. E isso nunca matou alguém!
Para trabalhar tão pouco, os parlamentares recebem atualmente mais de R$ 110 mil mensais, parte substancial livre de imposto de renda.
Não me lembro de qualquer parlamentar, um único, não aceitando essa dinheirama toda! (Há cerca de duas semanas, dois ou três deputados recém eleitos pelo Distrito Federal abriram mão de algumas verbas ! Aleluia !!! Será que esse gesto será imitado por mais alguém?).
A falta de sensibilidade e de vergonha dos deputados é tão grande que o novo presidente da Câmara, Marco Maia, se comprometeu a construir um novo anexo, de número 5, para poder oferecer mais conforto a seus pares (e a si próprio daqui a dois anos, quando terminar o mandato...)
No Senado Federal, o problema da falta de respeito para com a “casa” é parecido, com a agravante de que o custo de cada senador é significativamente maior que o custo de um deputado.
Os gabinetes são maiores, cada senador tem dois carros com motorista a sua disposição 24 horas por dia e algumas “cositas” a mais, como bem mais “assessores”.
Ah, e carro com motorista à disposição no Rio de Janeiro e, penso, em São Paulo. Que eu saiba, os deputados não têm essa mordomia.
Enfim, o que mais me escandaliza – e entristece, é constatar a absoluta desconsideração dos parlamentares para com eleitores, tendo em vista não só a difícil situação do País como, e principalmente, as necessidades de longa data do Brasil como um todo.
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 16 de fevereiro de 2011
Tem razão, Peter!
ResponderExcluirAgora mesmo assistindo ao debate sobre o Salário Mínimo, vejo todo o mundo em pé... por que não ficam sentados? Simplesmente por FALTA DE EDUCAÇÃO!