“A Venezuela definha sob o
aparato repressivo de Havana e os mais de 60 mil cubanos que estão no país
petroleiro constituem uma ‘força de ocupação’ formidável que conduz os destinos
da nação de acordo com os interesses dos irmãos Castro”, disse o ex-presidente
do Conselho de Segurança da ONU, Diego Arria.
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Diego Arria, ex-embaixador da
Venezuela na ONU, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, em 8 de maio
último, foto:Hector Gabino/El Nuevo Herald.
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O diplomata venezuelano,
autoexilado, disse à imprensa que “a Venezuela é um país ocupado. O regime
venezuelano é uma marionete controlada pelos cubanos. Já não se trata de uma
simples tutela cubana, mas de controle mesmo, de tudo. E qualquer esforço para
recuperar a democracia venezuelana terá que começar pela restauração da
soberania do país”.
“A Venezuela terá que
enfrentar um combate pela sua independência, para recuperar a independência de
sua sociedade, dos seus cidadãos, e até a independência pelo direito à
privacidade […] Sem a saída dos cubanos, não haverá saída para a situação
política”, enfatizou Arria.
Alguns jornais estrangeiros,
depois da entrevista, tentaram contato com funcionários do governo venezuelano
para dar-lhes o direito de resposta, mas o Palácio Miraflores, em Caracas, nem
sequer se dignou a responder aos e-mails que recebeu solicitando entrevista.
Os cubanos começaram a chegar
na década passada por força de acordos de cooperação econômica assinados pelo recém-falecido
presidente Hugo Chávez, pelos quais a Venezuela se comprometeu a entregar
milhares de milhões de dólares em combustível derivado do petróleo anualmente à
Cuba em troca de “serviços de médicos e de treinadores esportivos”.
Mas as delegações cubanas não
pararam por aí, nas clínicas e nas praças de esportes. Assessores da
ilha-cárcere dos Castros também chegaram e começaram a operar dentro dos
quartéis e dos aparatos de segurança do regime hoje chefiado por Nicolás
Maduro.
Agentes de inteligência e
militares venezuelanos disseram recentemente ao jornal da Flórida “El Nuevo
Herald”, editado em espanhol, que foram os militares cubanos que conceberam a
reestruturação dos organismos de inteligência da Venezuela e que as instruções que
fazem funcionar estes organismos são tratadas como se proviessem da alta cúpula
do governo, mas, de fato, vêm de Havana.
“Os cubanos tomam decisões
dentro da Direção Geral de Contrainteligência Militar e fiscalizam qualquer
sugestão e comentários que lhes façam. São eles que concebem os planos e
estabelecem a maneira de agir da contrainteligência com relação aos grupos
opositores, estudantes, contra todos”, disse um oficial venezuelano
entrevistado recentemente. “São eles que ditam o modus operandi diante de tudo,
os métodos que se vão ser adotados em cada caso”, acrescentou.
Arria disse que o chavezismo,
sob as instruções provenientes de Havana, institucionalizou o medo na
Venezuela, empregando os instrumentos de intimidação e controle social que a ilha
aperfeiçoou ao longo dos 54 anos de sanguenta ditadura castrista que já
assassinou mais de 70 mil pessoas. São instrumentos de controle do cidadão que
Cuba adquiriu da antiga União Soviética e em seguida ‘melhorou’ com a
assistência dos serviços de inteligência da Alemanha Oriental, mas que agora
têm se tornado métodos muito mais eficazes graças à evolução da tecnologia,
explicou.
“Tal ‘controle do cidadão’,
aplicado a cada indivíduo, é o que permite encurralar setores da população. Na
Venezuela, isso foi feito primeiro com a chamada ‘lista Tascón’, e depois com a
chamada ‘lista Maisanta’ e foram os primeiros ensaios de apartheid político a
serem efetuados na América Latina”, comentou.
Título e Texto: Antonio María Delgado, El Nuevo Herald,07-06-2013
Tradução: Francisco Vianna
A Venenzuela sofre uma espécie de "colonização" ideológica por parte de Cuba, com lamentável conivência dos políticos bolivarianos, os verdadeiros inimigos do povo venezuelano.
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