Cesar Maia
1. Nenhum partido político brasileiro atinge 20% dos votos ou dos
deputados federais. Na eleição de 2010, o PT elegeu um pouco menos de 17% dos
deputados federais, o PMDB 15%, o PSDB 10%, o DEM (eleitos) 8%, e o PP 8%, etc.
A partir daí, os 21 partidos existentes que elegeram deputados federais vão
descendo os degraus da representatividade.
2. Quando a Constituinte de 1988 decidiu realizar as eleições
presidenciais e de deputados federais ao mesmo tempo, a ideia era garantir ao
presidente vencedor uma base forte pela vinculação espontânea do voto.
3. Mas isto não ocorre ex-ante. Pela força e amplitude do Estado brasileiro,
isso ocorre quase naturalmente após as eleições. O Parlamento se estrutura em
torno ao presidente vencedor. A partir daí, apesar do partido do presidente ter
menos que 20% dos deputados federais eleitos, o controle da máquina pública o
transforma em um grande partido.
4. A distribuição de cargos, benesses e ações que vincula a
parlamentares, garante ao partido do presidente uma maioria suficiente para
governar. Digamos que o partido do presidente irá, com facilidade, sem muito
esforço e com concessões apenas pontuais, "dobrar" a sua bancada.
5. Dessa forma, o pluripartidarismo brasileiro é apenas formal, com
a pulverização ex-ante da Câmara de Deputados. Mas uma vez empossado o
presidente, seu partido passa a ser um "partido" grande, equivalente
a, pelo menos, 35% da Câmara. Um grande partido por ter incorporado a máquina
estatal.
6. Com isso, o tamanho do partido do presidente é igual aos
deputados eleitos + uso da máquina pública, o que, sem fazer força, significa
ter um partido dobrado -sem voto- que corresponda a essa representação. Pelo
efeito da eleição presidencial e parlamentar coincidirem, o partido do
presidente eleito tende a estar entre os de maior representação, claro, abaixo
dos 20% pelo pluripartidarismo ex-ante.
7. Sua associação com o Estado
desequilibra essa equação, ou seja, desmonta a equação pluripartidária.
Título e Texto: Cesar Maia, 14-02-2014
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