Os humoristas e contadores de história no Brasil estão perdendo terreno. Não é para menos. Há algum tempo a trupe oficial entrou em cena com espetáculos para todos os gostos e credos, do cômico ao trágico, passando pelo tragicômico.
Humberto de
Luna Freire
Temos um ministro da Defesa com a coragem de Celso
Amorim. Esse patriota permitiu que um avião da FAB, em missão
oficial, fosse vasculhado
pelos "disciplinados" soldados do
amigo cocaleiro Evo Morales, mascando folhas de coca e cuspindo no
assoalho da aeronave.
Temos um ministro da Educação com a cultura de Aluízio Mercadante,
mestrado pela UNICAMP e defesa de tese sobre o governo exercido
pelo Exu de Garanhuns; é ainda especialista na confecção de
dossiês.
Temos um ministro das Minas e Energia, Edison
Lobão, com um conhecimento técnico científico de fazer inveja e Thomas
Edison. Consegue, com uma certa margem de segurança, fazer a distinção
entre o focinho de um porco e uma tomada de corrente.
Temos um ministro da Fazenda, Guido Mantega, que há
muito tenta adivinhar o PIB nacional; para o ano de 2014, ele aposta
em 2.5% com uma margem de erro de três pontos para mais ou para
menos. Decididamente não foi um bom aluno das pitonisas de Delfo.
Temos um ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, que
já aprendeu a por a minhoca no anzol, mas ainda não pescou nada; não
lhe informaram se é pesca fluvial ou marítima.
Temos um ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme
Afif Domingos, que continua vice-governador de São Paulo e em plena crise
existencial. Encontra-se parado a 500 km de distância entre os dois
empregos; recebe pelos dois.
Temos uma ministra de Diretos Humanos, Maria do Rosário, com
curso de carpideira, sempre presente em velórios de bandidos,
onde derrama rios de lágrimas, isso quando não resolve dar uma de arqueóloga e
passa a fuçar antigos túmulos à procura da nova história do Brasil
por ela sonhada.
Temos uma ministra da Mulher, Eleonora Manicucci que ensina
às gravidas "arrependidas" a fazerem aborto com o próprio dedo,
segundo ela, "por sucção", após um brilhante
curso realizado junto às FARC.
Temos um ministro da saúde, Alexandre Padilha, que contratou um
exército treinado em uma ilha do Caribe para matar toda a população pobre
de Brasil, que ousar procurar assistência médica no serviço público de saúde, e
que, após o genocídio, pretende se esconder no Palácio dos
Bandeirantes.
Temos um ministro da Justiça fazendo política partidária, mente
descaradamente e quando desmascarado ameaça processar Deus e o mundo, da última
vez que apareceu na TV quase mordeu o microfone.
Agora saindo
da Esplanada dos Ministérios em direção à praça dos Três
Poderes e em uma breve parada no Legislativo, com o devido
cuidado para não ser roubado, encontraremos nobres
bandidos fazendo leis e organizando caravanas para
visitar colegas na cadeia pública da cidade.
Já no Judiciário, temos Ministro
julgando ação na qual está envolvido; outros
tentando arrebanhar asseclas para juntos puxarem o tapete do chefe.
Enquanto
perto dali, na sede do Executivo, a dona do
circo assiste tudo de camarote; com rádio e
binóculo, traça planos para permanecer por mais quatro anos no
comando do espetáculo mambembe.
Título e
Texto: Humberto de Luna Freire Filho,
médico, 20-02-2014
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