Permitam que plagie um texto
meu publicado no velhinho Portugal Contemporâneo (“as
pilinhas dos liberais”), que em tempos escrevi sobre as desavenças
entre os liberais portugueses, sobretudo aqueles que se reclamam de maiores
proximidades clássicas e conservadoras (como é o meu caso) e os que estão mais
próximos do chamado libertarismo, mais conhecido por anarco-capitalismo, embora
esta última designação possa ser enganadora.
A ideia era a de que uns e
outros se preocupavam em dissecar publicamente as suas desavenças e
desentendimentos, lidando, entre si, como aquelas crianças que, para disputarem
a sua masculinidade, comparam e medem os tamanhos das suas pilinhas, em vez de procurarem
o entendimento necessário para enfrentarem o estatismo asfixiante do país em
que vivemos. Sem dar conta disso, eu mesmo caí no logro de olhar mais para o
lado e menos para a frente. Em vários artigos publicados sobretudo n’ O Insurgente, ataquei
alguns postulados doutrinais do libertarismo e alguns dos autores que os
defendiam, em boa medida porque os considerava (e considero ainda) frágeis,
mas, também, em forma de reacção ao que me parece ser um ataque desnecessário
(e auto-destrutivo) movido por alguns libertários ao que considero ser o mais
valioso (embora em crise profunda) património histórico do liberalismo contra o
estatismo: os princípios estruturantes do constitucionalismo oitocentista e
novecentista, deturpados e desviados, é certo, pelo Estado Social do século XX,
mas passíveis ainda de serem muito úteis a quem quer conter o ímpeto do poder
público.
De há uns tempos para cá,
deixei de o fazer, pela razão óbvia de que me consigo entender muito mais
facilmente, no que considero essencial, com qualquer libertário do que com
outra pessoa que prefira o estado à liberdade. E porque, apesar de considerar
que existem o que julgo serem erros nas suas construções teóricas, muito do que
escrevem e dizem esses autores está muito bem dito e muito bem escrito. Deixei,
assim, de medir a minha pilinha com a dos meus colegas libertários e julgo que
o não voltarei a fazer.
O plágio altera o sujeito da
frase de “pilinhas” para “pirocas” para o abrasileirar. O motivo é a dissenção
pública, e cada vez mais profunda, entre dois muito estimáveis liberais e o que
cada um deles representa, o Hélio Beltrão e o Rodrigo Constantino, na
comunicação social brasileira e nas redes sociais. O Hélio tem feito um notável
trabalho à frente do Instituto Mises Brasil,
sendo também um excelente palestrante e um liberal que pensa muito bem e tenta
agregar, enquanto o Rodrigo, que já colaborou episodicamente no Blasfémias, é, de há uns tempos para cá, o
principal autor e comentador liberal brasileiro, com obra publicada e
intervenção pública regular de vulto, para além de presidir, desde há uns
meses, ao também muito influente Instituto Liberal.
Assim, cumprimentando os dois
e intervindo numa polémica entre eles apenas porque a tornaram pública, daqui
os desafio a porem as suas pirocas dentro das calças e a dedicarem-se ao
fundamental: combater um estatismo e um socialismo galopantes no Brasil, que se
prepara para ver renovados, nas próximas eleições presidenciais, mais quatro anos
de domínio socialista desse imenso e fantástico país. Depois não se queixem.
Título e Texto: Rui A., Blasfémias,
27-02-2014
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