quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sou de uma época que, a julgar pela choradeira e ‘coitadismo’ atual, era de “Bills”*

Assistindo ontem a um debate na France 24 sobre o desemprego jovem (a diferença entre como se debate na FR24, pelo menos este, com os ‘debates’ na televisões cá do burgo, é que cá se convidam os politicamente engajados e escondem-nos sob o rótulo de “comentador” e… vamos todos malhar no governo (atual) de direita fascista e capitalista, cheio de gente que, desde que acorda e até adormecer, fica debruçado, exclusivamente, em encontrar as melhores maneiras e formas de desgraçar a vida desses tantos “coitados valentes que têm de emigrar”. E você não apreende nada, só assiste a ‘comícios’…

Sou de uma época, dizia, que os jovens, velhos, brancos, negros, amarelos, gays, lésbicas e “indefinidos” iam à luta, mesmo. Sem choradeira! Eram poucos, na época, os que podiam contar com os pais e/ou família.

Meus pais se mandaram para Angola, em 1950. Meu pai, que lá chegou como carpinteiro, pouco depois de ter chegado foi promovido a “mestre” e posteriormente a “mestre-de-obras”, aquele profissional que fica nas obras supervisionando os trabalhadores, de várias qualificações, que estão construindo aquela obra…

Meu pai, logo após chegar a Luanda
Este que vos escreve, por razões mais políticas do que quaisquer outras, aterrissou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em 29 de março de 1972. Tinha 21 anos. Casado e já pai do primeiro filho.

Bom, e como o generoso leitor está cansado de saber, foram 38 anos de Brasil, ou melhor, de Rio de Janeiro. É uma vida, né?

Lá, no Rio, vi tanta gente se virar na vida, verdadeiros empreendedores… lembro do “Ceará” na praia de Ipanema, em frente ao Country, e outros ´barraqueiros’…

Anos depois, assisti, com alguma consternação, a proliferação de vendedores ambulantes que, em determinados locais, constituíram, pelo tamanho e aglutinação, os “camelódromos”.
Bom, em que pesem algumas ilegalidades o fato é que a expressiva maioria está ali lutando, fazendo pela vida!

Brasileiros emigram, recebem imigrantes, nunca me apercebi que fizessem carnaval porque aquele ou aqueloutro saiu do país. Imagina! Pelo contrário, brasileiros têm muito orgulho dos seus compatriotas que triunfam fora do país, sejam famosos ou anônimos. Não lhes iria à cabeça culpar o governo pela emigração deste ou daquele.

Não lhes iria à cabeça, assistir na TV, ao vivo, ao embarque de um jovem enfermeiro que se prepara para embarcar para a cidade de Manchester, na Inglaterra, com contrato assinado e com salário de 2 mil euros por mês (!?) como se se tratasse de um degredo perpétuo para a Cochinchina, com trabalhos forçados…
E a noção do ridículo, onde fica? Não fica.

*”Bill” era como o pessoal de Brazzaville chamava os “duros” de Kinshasa…
Blague tê, masta. Sinon nangai kubeta yo. Tala, façon ya Bill ya Kinshasa. Ainda me lembro do som, não sei se é assim que se escreve em Lingala. Tradução: Não brinca comigo, cara. Senão eu te bato. Olha para mim, sou um Bill de Kinshasa.

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