Diego Braga Norte, na VEJA.com:
O presidente do Colégio
Nacional de Jornalistas (CNP, associação dos profissionais de imprensa
venezuelanos), Guia Tinedo, informou nesta sexta-feira que entre os dias 12 de
fevereiro – data inicial dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro – e
20, ao menos 55 jornalistas sofreram algum tipo de agressão na Venezuela. Em
uma entrevista transmitida pelo canal Globovisión, Guia revelou que dos 71
casos registrados neste ano, a última semana responde por mais de 77%.
Guia manifestou preocupação
com a crescente onda de ataques contra jornalistas e o impedimento do trabalho
da imprensa. Desde o início dos protestos, jornalistas já tiveram seus
equipamentos ‘confiscados’ – eufemismo para roubados, pois os profissionais não
conseguem recuperá-los – e também foram agredidos por policiais e milícias
bolivarianas. Entre os casos de violência registrados, a CNP divulgou um vídeo
mostrando policiais agredindo um jornalista do jornal Panorama, em Maracaibo,
cidade ao norte do país. Ao lado de outros jornalistas, como o secretário-geral
do Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa (SNTP, na sigla em
espanhol), Carlos Correa, o presidente da ONG Espaço Público, Bernardino
Herrera, e outros, Guia também mostrou preocupação com a situação de censura da
mídia e criticou a postura do governo contra a CNN.
Nesta sexta, em mais um ataque
contra a liberdade de imprensa, o governo venezuelano, através do Ministério de
Comunicação e Informação, cancelou os vistos de trabalho de quatro
profissionais da rede americana CNN, a correspondente Osmary Hernández, a
apresentadora Patricia Janiot e de sua produtora, e do repórter Rafael Romo. “Já
basta de propaganda de guerra, eu não aceito propaganda de guerra contra a
Venezuela! Se não se corrigirem, fora da Venezuela, CNN! Fora!”, bradou Maduro
em um discurso televisionado.
A CNN disse não ter sido
notificada sobre o processo e, como se fosse necessário, rechaçou a afirmação
de que a cobertura das manifestações tenha o intuito de servir como “propaganda
de guerra” contra a administração. “Nós abordamos ambos os lados da tensa
situação que vive a Venezuela, embora o acesso aos funcionários do governo seja
muito limitado. Esperamos que o governo reconsidere sua decisão. Mas seguiremos
informando sobre a Venezuela da forma justa, acertada e balanceada que nos
caracteriza como uma empresa jornalística”, diz um comunicado da emissora.
Ainda que a noite em Caracas
pareça calma, novos protestos são esperados para este sábado na capital e nos
estados de Táchira, Carabobo, Mérida e Bolívar, redutos onde o governo
bolivariano sofre mais críticas. Maduro tenta sufocar as manifestações em
várias frentes. Além da repressão policial, o ministro venezuelano do Petróleo,
Rafael Ramírez, sinalizou que pode suspender o suprimento de combustível em
“zonas de cerco fascistas”, mas sem mencionar os estados. Em Táchira, estado no
extremo noroeste do país, os moradores sofreram com o corte de serviços
essenciais, como eletricidade e telefonia, após grandes manifestações desta
semana.
Via: Reinaldo Azevedo, 22-02-2014
Leia mais, sobre a Venezuela,
na Veja.com
Atualização:
Maduro dice ahora que CNN puede quedarse en Venezuela
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