Gregorio Vivanco Lopes
O quadro
acima intitula-se Mulher chorando.
Nenhuma mulher gostaria de ter
tais feições, a menos que estivesse sendo vítima de alguma possessão diabólica.
Que moça ou senhora sentir-se-ia à vontade, olhando-se no espelho e vendo
refletida essa figura? Pensaria tratar-se de uma alucinação. Ou então, que um
demônio teria desfigurado sua face.
Entretanto, esse é um dos
quadros mais celebrados de Pablo Picasso, pintado em 1937, quando tinha 56
anos.
Mas não pense o leitor que
esse e numerosos outros quadros medonhos ou inextricáveis foram por ele
produzidos por falta de talento. Não! Picasso tinha muito talento.
Sua primeira pintura [foto
acima] data de 1895, com a idade de apenas 14 anos, e representa uma Primeira
comunhão. Note-se a piedade da menina e o delicado de seu vestido branco,
que cai com elegância. O autor soube manifestar esplendidamente a dignidade do
pai, cuja distinção varonil lhe confere características de nobreza. O coroinha,
de extração social mais popular, esmera-se em manter o altar bem composto. Tudo
é belo no quadro, inclusive o lustre e o tapete. Tudo fala de ordem, elevação
de sentimentos, piedade autêntica – numa palavra, de catolicidade.
Dois anos depois, em 1897,
Picasso pintou esta obra-prima [acima], intitulada Ciência e caridade.
A palidez quase cadavérica da enferma denota um organismo profundamente
combalido. Seu olhar agradecido, mas quase extinto, dirige-se para a irmã de
caridade que lhe oferece algum alimento líquido, enquanto sustenta no braço
esquerdo uma criança, provavelmente filha da doente. O médico segura-lhe o
pulso e conta os batimentos com ar atento e preocupado. O ambiente é muito
modesto, patente no desbotado das paredes, na simplicidade da cama e do
cobertor, no vestidinho da criança.
Como foi possível que um
pintor, com talento tão precoce, após representar com tanta arte ambientes tão
diferentes, descambasse depois para representar figuras monstruosas como a Mulher
chorando?
Deixando de lado a trajetória
de qualquer pintor em concreto, tocamos aqui num ponto delicado que diz
respeito ao segredo da chamada “arte moderna”. Ela parece ter sido alicerçada
sobre o ódio à obra da Criação, e por isso a deforma. Tal “arte” não é nem
retratista nem procura realçar os aspectos espirituais das realidades terrenas;
pelo contrário, parece empenhada em salientar o grotesco, o disforme, o
hediondo, quando não o esotérico.
Tal conclusão parece impor-se
quando consideramos que, ao lado de numerosos impostores que se limitam a
produzir rabiscos como se fossem arte, há artistas verdadeiramente talentosos que
inexplicavelmente aderem à “rabiscagem”.
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