Luciano Ayan
Este blog se chama Ceticismo
Político exatamente por considerar o ceticismo uma ferramenta essencial para a
avaliação das questões políticas, principalmente as alegações políticas. Por
isso sempre repudiei a ideia de discussões políticas unicamente com base em
autores focados em filosofia e economia. Eles geralmente confrontam teorias de
“como as coisas deveriam ser” em vez de como as coisas são. Em outros
casos, eles confrontam não a realidade, mas aquilo que seu adversário
disse.
Esta é provavelmente a origem
da fé cega na crença, um dos maiores flagelos que já acometeram um agrupamento
humano na história da humanidade. No caso, é a direita que ainda acredita que
“o socialismo fracassou” (pois eles julgam aquilo que Marx disse na teoria e
não o que o socialismo sempre foi na prática). Em oposição, eu luto contra o
socialismo, por que ele teve sucesso em seu real objetivo, o de criar
totalitarismo a partir do controle total da economia. Observe: é uma oposição de
visão de mundo. Em relação à direita, eu defino isso como direita crítica, em
oposição à direita paternal (ou paternalista).
O detalhe duro é que os donos
do poder (que são os que definem esquerda e direita) estão morrendo de rir
daqueles que buscam descrever a política em termos filosóficos. É mais seguro
visualizar a política em termos céticos.
No livro “Em Busca da
Política”, Zygmunt Bauman escreveu:
“O casamento entre saber e
poderes terrenos, abençoado no apogeu das esperanças iluministas, foi submetido
a uma pressão brutal. Os investigadores e guardiões da verdade não podiam mais
contar com o apoio dos governantes no mesmo nível de confiança total
(considerada agora ingênua) que foi outrora privilégio e marca dos philosophes.”
E prossegue:
“Com o transcorrer do
século XX, cada vez menos filósofos importantes repetiriam de boa vontade o
gesto de Platão e pediriam aos tiranos da moderna Siracusa que fizessem do
discurso filosófico o seu projeto político. Os poucos que fizeram isso logo
descobriram, horrorizados, que a única função na qual os tiranos estariam
dispostos a empregá-los era a de cortesãos – mensageiros do rei, poetas e por
vezes bufões, porém mais provavelmente como bobos da corte.”
Essa é uma visão extremamente
realista. Exatamente por isso, não podemos dizer que aquilo que os filósofos
dizem sobre a política descreve como a política é. Ao contrário, eles no máximo
fornecem serviços (ideológicos, em muitos casos) que servem como artefato para
os donos do poder, que irão aproveitar o que quiserem, de acordo com seus
interesses reais.
Observando a ótica dos
donos do poder, é preciso saber que embora todos eles tenham interesses focados
em aumentar seu capital político e garantir a próxima eleição, esses interesses
ficam à sombra, não sendo declarados ao público. Seja lá como for, precisamos
entender o que significa extrema-direita, direita, esquerda e extrema-esquerda
nesse contexto a partir da seguinte pergunta:
Como o dono do poder quer ganhar
dinheiro e aumentar/manter o poder?
· Extrema-Direita:
Dinheiro e poder devem ser adquiridos em um cenário sem estado. Não existem
projetos de poder de extrema-direita. São geralmente libertários que não
conseguiram fazer a teoria sair do papel. Adotam o anarco-capitalismo, mas
apenas em sonho.
· Direita:
Dinheiro e poder devem ser adquiridos em um cenário baseado na iniciativa
privada, mas que não ignore a existência do estado, que deve ser limitado.
Geralmente são conservadores e liberais pragmáticos. Adotam o capitalismo de livre
mercado.
· Esquerda:
Dinheiro e poder devem adquiridos em um cenário baseado principalmente no
estado, mesmo que ainda exista espaço para a iniciativa privada, excessivamente
controlada. Geralmente são socialdemocratas. Ou a esquerda globalista. Adotam o
capitalismo de laços, principalmente.
· Extrema-esquerda:
Dinheiro e poder devem ser adquiridos em um cenário baseado principalmente em
um estado totalitário, no qual a iniciativa privada não passa de um bando de
serviçais. São os marxistas, nazistas e fascistas. Adotam o capitalismo de
estado, junto ao capitalismo de compadrio.
Muitas pessoas dirão que a
definição acima é simplista e ignora várias nuances da guerra cultural, mas no
fundo a guerra cultural é apenas mais um artefato para cada uma das vertentes
acima. Por exemplo, usar o marxismo cultural é um artefato tanto para a
esquerda norte-americana, como para a extrema-esquerda brasileira.
Assim, meu modelo não ignora
esses aspectos, mas busca saber a que interesse eles atendem.
Este modelo mostra porque
ninguém deveria se espantar ao ver a esquerdista Hillary Clinton receber $ 1
bilhão de doação, ou mesmo o PT ser integralmente apoiado por grandes
empresários. Também sabemos porque a extrema-esquerda depende tanto da
manutenção de empresas estatizadas.
Hoje, finalmente os Estados
Unidos começam a ver a possibilidade de se moverem da esquerda globalista para
a direita. Os Bush, pai e filho, não foram nesta direção, ficando mais próximos
de uma centro-esquerda lutando contra a esquerda tradicional. No Brasil, hoje,
o poder se move da extrema-esquerda para a esquerda, o que nos dá perspectivas
interessantes.
O que importa é que é vital
lutar contra a esquerda do jeito que ela é, não da forma fantasiosa como ela é
descrita nos livros de filósofos.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 28-2-2017
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Marx e Mises, dois racistas-talmudistas judeus que enganam os trouxas até hoje! Porcaria judaica!
ResponderExcluirMARX TALMUDISTA E JUDEU?
ResponderExcluirNEM EM OUTRA ENCARNAÇÃO!!!!!