sábado, 11 de setembro de 2010

Touros de morte: população e autarquia de Monsaraz voltam hoje a cumprir tradição proibida por lei

A população e autarquia da vila medieval de Monsaraz, no Alentejo, voltam hoje à tarde a cumprir a tradição de matar um touro no final de uma novilhada popular, apesar de ser um espetáculo proibido por lei.

Monsaraz, Alentejo, foto: Manuel Gonçalves
É no âmbito das populares festas em honra de Nosso Senhor Jesus dos Passos, em Monsaraz, concelho de Reguengos de Monsaraz, que se dá uma tourada com a morte do último touro na arena, na antiga praça de armas do castelo.
A Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC) voltou a recusar, pelo nono ano consecutivo, a autorização excepcional para o espetáculo com touro de morte, proibido por lei.
A população local garante, contudo, que a tradição vai voltar a ser cumprida no sábado, apesar da proibição e de decorrerem ações administrativas nos tribunais relativas a anos anteriores.
Os autarcas alegam que "a morte do touro constitui um símbolo da cultura da população de Monsaraz” e que se trata de uma “tradição que se mantém ininterrupta há mais de um século", pedindo o mesmo regime de excepção concedido a Barrancos em 2002.
A legislação, em vigor desde 2002, estabelece que a realização de "qualquer espetáculo com touros de morte é excepcionalmente autorizada no caso em que sejam de atender tradições locais que se tenham mantido, de forma ininterrupta, pelo menos, nos 50 anos anteriores à entrada em vigor do diploma, como expressão de cultura popular, nos dias em que o evento histórico se realize".
O diploma estabelece ainda que a IGAC deve consultar a câmara municipal do concelho onde o evento decorra para confirmar a existência da tradição sem interrupções no período exigido.
Nos anos anteriores, a IGAC indeferiu o requerimento dos promotores da novilhada (Misericórdia de Monsaraz e comissão de festas) por “não se considerar provado” o carácter ininterrupto do espectáculo com morte do touro por resultado da lide no prazo determinado por lei.
Só que, este ano, segundo fonte do município local, a IGAC voltou a indeferir o requerimento, mas alegando que a matéria se encontra em "fase de recurso jurisdicional", na sequência do recurso interposto pelo Ministério da Cultura junto do Tribunal Central Administrativo Sul da sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja, que "deu razão" aos promotores da tourada.

4 comentários:

  1. Este país que tanto adoro está a tornar-se num lar de impunidade. Como é possível as autoridades permitirem esta nojice?! Como é possível arquivarem judicialmente este crime em nome das tradições?!

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  2. Penso que NADA, em "nome" da "cultura", possa justificar a crueldade contra os animais!

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  3. Compreende-se que - num País onde casos mediáticos como o "Apito Dourado"e "Casa Pia" diluem-se em manobras processuais emperrando os tribunais, acabando-se com a noção que não foi feita justiça - matar ilegalmente um touro em Monsaraz frente a uma multidão histérica e sedenta de sangue, vai acabar como nos anos anteriores: com a conivência das autoridades, da autarquia, do Governo Civil de Évora, com a impotência da Inspecção-Geral das Actividades Culturais e, finalmente, com o arquivamento da praxe no Tribunal de Comarca. Parecem saídos de um argumento de um filme de Kusturica - uma comédia burlesca onde se conclui que o culpado foi o touro!

    http://dylans.blogs.sapo.pt/

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