terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Estação de arte

Carlos Lúcio Gontijo
Desde a desativação da estação ferroviária de Santo Antônio do Monte, com o fim do transporte de passageiros, vemos a antiga construção como chegada de vida, ainda que imperceptivelmente, pois marcou a fugaz passagem de muitos santo-antonienses pela dimensão terrena, que cheios de sonhos partiram ou chegaram através de sua plataforma. A vida é o exercício de ir e vir e, portanto temos ali, uma estação de arte, onde se encontra estampado o tecido desenhado pelas linhas de trem, num mágico alinhavar tramado com habilidade pela menina dos olhos de todos que a frequentaram ou que hoje apenas observam sua grandiosidade e seus mistérios diante da praça, que tatuada por sua imponência recebe o nome popular de Praça da Estação.

A estação em outubro de 2006. Foto: Décio Marques
A foto da estação ferroviária de Santo Antônio do Monte está na contracapa do nosso romance “Cabine 33” e ilustra, em outras obras de nossa autoria, o poema “Sangue Montense”. E agora, quando mandamos imprimir uma camisa com a frase “Feliz Estação 2013” abaixo daquela conhecida imagem da estação à frente e o poema às costas, para presentear no fim de ano, estamos na iminência de assumir, junto com outros competentes amigos e companheiros, a responsabilidade de nos tornarmos Secretário de Cultura da cidade de nossa infância, na qual vive o pai José Carlos Gontijo e em cujo solo se encontra sepultada mãe Betty.
Em caso de tal possibilidade se concretizar, abraçaremos a incumbência de utilizar a velha plataforma da “estação de arte” para colocar as vocações culturais santo-antonienses nos trilhos do incentivo e da realização, abrindo espaço para quem toca um instrumento, canta, compõe, dança, pinta, conta piada ou casos, declama, representa, faz poema ou prosa, sob o objetivo de levar nossa gente a cultivar (e cultuar) seus valores, ganhar autoestima e, assim, gostar de si mesma, ao se aceitar como célula do universo e compreender que o sucesso consiste em conhecer o seu propósito na vida, crescer para atingir o seu potencial máximo e lançar sementes que beneficiem outras pessoas. Estabelecido esse alicerce, as forças culturais construirão seu próprio caminho a partir do estímulo gerado pela estação de arte.

A estação em 2011. Foto: Paulo Salatiel
Talvez nem fosse o momento de aceitarmos tamanha responsabilidade, pois estamos com três projetos literários: um livro de poemas em meados de 2013 (com dedicatória ao saudoso e eterno amigo Wilson Ricardo de Oliveira); outro com alguns dos muitos artigos que escrevemos ao longo de nossa carreira jornalística (sob o título de “Santo Antônio do Monte no jornal”), em 2014; e um romance, que pretendemos lavrar para a comemoração de 65 anos, em 2017 – sem falar no site, no qual disponibilizamos toda a nossa obra literária de escriba menor, que temos que administrar.
Como bem podem avaliar os nossos casuais leitores é muito trabalho, mas por outro lado faz parte de nosso dever como cidadãos conscientes (com Santo Antônio do Monte no coração). No mais recorremos ao poeta chileno Pablo Neruda, para melhor explicar a sinuca de bico em que nos metemos: “Perdão se quando quero contar a minha vida, é terra que conto”.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista, 18-12-2012

Praça Getúlio Vargas, 2011, foto: Márcia Bernardes

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