Braúna, 22 de Julho de 2012, foto: Rapper Ouriço
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Mas isto é tema para encher
uma biblioteca, e eu não tenho talento nem para escrever um livro. Portanto,
vou escrever aqui apenas sobre a indignidade com que o ser humano trata os seus
semelhantes no momento de sua morte.
Somente os ricos são
enterrados com dignidade. Compram por antecipação seus mausoléus. Em países
miseráveis como o Brasil, nem os da classe média têm um enterro decente.
Geralmente são enfiados em gavetas fétidas e imundas que já serviram para a
decomposição de vários antecessores. Nessas gavetas o caixão é enfiado
juntamente com as coroas de flores hipocritamente remetidas por quem não está
sentindo absolutamente nada pela morte daquele ser humano. E tudo, cadáver e
flores, apodrecem juntos. Nem Dante imaginaria o que acontece dentro daquela
gaveta imunda e inumana a transformar um ser humano morto apenas em restos
putrefatos. Qual ser humano gostaria de acabar assim? Mas é assim que os entes
queridos são mandados para a sua morada eterna pelos seus maiores amantes
quando em vida. Quanta hipocrisia e quanta falsidade!
A decência humana manda que um
cadáver de um morto seja enterrado na terra ou cremado, e não enfiado numa
gaveta imunda e fétida de um cemitério acompanhado de coroas de flores que a
hipocrisia humana lhes ofertou após a morte. A maldade começa no caixão pois o
cadáver quase não é visto, apenas o rosto, posto que enchem o caixão de flores.
Qual o significado disto? Acho que flores não são para enfeitar defuntos e
enterrar um defunto envolto em flores é coisa de primitivos.
Não quero isto para mim em minha morte, que certamente virá. Quero ser enterrado no chão da minha terra mãe ou cremado. Se estiver em minha vontade ou se alguém, por caridade, quiser fazer a minha vontade, quero ser enterrado em baixo de uma enorme e linda baraúna existente numa fazenda do sertão baiano onde meu irmão vive e de onde eu tenho belas recordações. Ou cremado, e que minhas cinzas sejam enterradas num jardim qualquer para que o que restou de mim possa ser útil pelo menos para as flores.
Não quero isto para mim em minha morte, que certamente virá. Quero ser enterrado no chão da minha terra mãe ou cremado. Se estiver em minha vontade ou se alguém, por caridade, quiser fazer a minha vontade, quero ser enterrado em baixo de uma enorme e linda baraúna existente numa fazenda do sertão baiano onde meu irmão vive e de onde eu tenho belas recordações. Ou cremado, e que minhas cinzas sejam enterradas num jardim qualquer para que o que restou de mim possa ser útil pelo menos para as flores.
Não quero ser engavetado como
um ser desprezível do qual alguém quer se livrar para apodrecer lentamente.
Afinal, eu sou um ser humano e acho que mereço algum respeito.
Título e Texto: Otacílio Guimarães, 30-12-2012
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