quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Para petistas e assemelhados os fins justificam os meios: pode roubar... pelo povo!

Geraldo Almendra

Foi publicado no artigo do jornalista Carlos Alberto Sardenberg titulado “Roubar pelo povo” (leia abaixo) uma manifestação da artista Fernanda Torres, pela qual, de admiração pela sua arte, passei a sentir um profundo desprezo por sua pessoa.
A manifestação publicada na “Folha”, segundo o jornalista, teve como mote uma defesa feita pela artista em relação ao suposto chefe do Mensalão, o condenado José Dirceu – o verdadeiro continua impune: “talvez seja impossível governar sem violar a lei”, refletiu a artista.
Respeitando a liberdade da artista de expor suas ideologias a favor do crime organizado do suborno e da corrupção, na minha concepção e usando da mesma liberdade, entendo que somente um caráter de semelhança abjeta ou canalha pode admitir tal premissa para que alguém consiga atingir seus objetivos como um representante qualquer de um governo, ou mesmo durante sua vida profissional.
Convém lembrar que Hebe Camargo durante a gravação de um programa pediu ao auditório que batesse palmas de pé para o mesmo José Dirceu, sendo plenamente atendida por uma plateia repleta de ignorantes e esclarecidos canalhas.
Nos dois casos, essencialmente, não estamos falando, essencialmente, de gente ignorante pela falta de educação e cultura, mas, principalmente, daqueles que qualifico como canalhas esclarecidos, pessoas muitas vezes com avançada formação cultural que se debandaram para o lado dos que participam de um projeto espúrio de poder que já transformou o país em um Paraíso de Patifes.
A deterioração moral e ética de uma parcela significativa de nossas “elites” do meio artístico, que servem de instrumentos de propaganda para a sustentação do petismo leninista, já chegou a um ponto que grande parte da desqualificação do Brasil como sociedade digna de algum respeito pelo resto do mundo se deve a esta classe da sociedade dos “patriotas mortos”.
A defesa da tese já sendo ensaiada pelo PT, diante da condenação da gang do Mensalão perante a opinião pública, mesmo que esse julgamento acabe em uma farsa de impunidade por penas ridículas fora de regime fechado – para o núcleo político –, de que roubar é um instrumento de defesa dos pobres por dar sustentação a um governo que “defende os pobres”, não é digna de qualquer sentimento minimamente decente. Na verdade se trata de uma inversão de valores absolutamente calhorda.
Com sua manifestação a atriz nos leva a entender que é partidária dos princípios de que “ladrão que rouba ladrão merece perdão”, “roubar e distribuir”, “roubar e realizar”, entre tantos outros sórdidos princípios disfarçadamente praticados pelos desgovernos civis anteriores aos do PT, mas descaradamente praticados durante os desgovernos petistas, ajudados pela omissão, covardia e cumplicidade de uma parcela majoritária da classe dos artistas, em que muitos ficam ricos com a venda de suas músicas e de seus shows para os ignorantes destituídos de capacidade crítica para olhar para um artista e entender seu verdadeiro caráter. Somados aos artistas “socialistas” que vivem de forma nababesca, ainda temos muitos outros artistas que são sustentados com verbas do desgoverno petista para serem hipócritas e cínicos ventríloquos da defesa do indefensável.
Que tipo de educação a atriz fornece aos seus filhos? Que os fins justificam os meios?
Em algum momento essa gente será julgada por ter sido cúmplice durante décadas de milhares de mortes no nosso país, atualmente mais de 150 por dia como consequência direta da corrupção e do suborno que desviam dos cofres públicos bilhões de reais todos os anos.
Infelizmente a maioria desses artistas defensores do mais sórdido político de nossa história quando adoece não vai a um hospital público assistir aqueles que compram seus produtos morrerem nas filas ou nos corredores fétidos dos hospitais onde são alojados para aguardar atendimento médico.
Seus filhos não estudam em escolas públicas, tem excelentes planos de saúde ou muito dinheiro para pagar médicos e hospitais particulares, moram em luxuosas residências ou apartamentos, têm motoristas particulares e seguranças armados para os protegerem. Que vida difícil têm esses protetores da corruptocracia petista, “socialistas” que nunca foram morar em Cuba!
A caserna não vai ficar hibernando para sempre e quando acordar da letargia da Fraude da Abertura Democrática terá que fazer o corretivo do nosso país que se tornará cada vez mais corrupto graças ao apoio dos esclarecidos canalhas aos desgovernos corruptos e subornadores, entre esses centenas de artistas.
Texto: Geraldo Almendra, 26/12/2012

Roubar pelo povo
Carlos Alberto Sardenberg
Intelectuais ligados ao PT estão flertando com uma nova tese para lidar com o mensalão e outros episódios do tipo: seria inevitável, e até mesmo necessário, roubar para fazer um bom governo popular.
Trata-se de uma clara resposta ao peso dos fatos. Tirante os condenados, seus amigos dedicados e os xiitas, ninguém com um mínimo de tirocínio sente-se confortável com aquela história da “farsa da mídia e do Judiciário”.
Se, ao contrário, está provado que o dinheiro público foi roubado e que apoios políticos foram comprados, com dinheiro público, restam duas opções: ou desembarcar de um projeto heroico que virou bandidagem ou, bem, aderir à tese de que todo governo rouba, mas os de esquerda roubam menos e o fazem para incluir os pobres.
Vimos duas manifestações recentes dessa suposta nova teoria. Na “Folha”, Fernanda Torres, em defesa de José Dirceu, buscou inspiração em Shakespeare para especular: talvez seja impossível governar sem violar a lei.
No “Valor”, Renato Janine Ribeiro escreveu duas colunas para concluir: comunistas revolucionários não roubam; esquerdistas reformistas roubam quando chegam ao governo, mas “talvez” tenham de fazer isso para garantir as políticas de inclusão social.
Tirante a falsa sofisticação teórica, trata-se da atualização de coisa muito velha. Sim, o leitor adivinhou: o pessoal está recuperando o “rouba mas faz”, criado pelos ademaristas nos anos 50. Agora é o “rouba mas distribui”.
Nem é tão surpreendente assim. Ainda no período eleitoral recente, Marilena Chauí havia colocado Maluf no rol dos prefeitos paulistanos realizadores de obras, no grupo de Faria Lima, e fora da turma dos ladrões.
Fica assim, pois: José Dirceu não é corrupto, nem quadrilheiro — mas participou da corrupção e da quadrilha porque, se não o fizesse, não haveria como aplicar o programa popular do PT.
Como se chega a esse incrível quebra-galho teórico? Fernanda Torres oferece uma pista quando comenta que o PT se toma como o partido do povo brasileiro. Ora, segue-se, se as elites são um bando de ladrões agindo contra o povo, qual o problema de roubar “a favor do povo”?
Renato Janine Ribeiro trabalha na mesma tese, acrescentando casos de governos de esquerda bem-sucedidos, e corruptos. Não fica claro se são bem-sucedidos “apesar” de corruptos ou, ao contrário, por serem corruptos. Mas é para esta ultima tese que o autor se inclina.
Não faz sentido, claro. Começa que não é verdade que todo governo conservador é contra o povo e corrupto.
Thatcher e Reagan, exemplos máximos da direita, não roubavam e trouxeram grande prosperidade e bem-estar a seus povos.
Aqui entre nós, e para ir fundo, Castello Branco e Médici também não roubavam e suas administrações trouxeram crescimento e renda.
Por outro lado, o PT não é o povo. Representa parte do povo, a majoritária nas últimas três eleições presidenciais. Mas, atenção, jamais ganhou no primeiro turno e os adversários sempre fizeram ao menos 40%. E no primeiro turno de 2010, Serra e Marina fizeram 53% dos votos.
Por isso, nas democracias o governo não pode tudo, tem que respeitar a minoria e isso se faz pelo respeito às leis, que incluem a proibição de roubar. E pelo respeito à opinião pública, expressa, entre outros meios, pela imprensa livre.
Por não tolerar essas limitações, os partidos autoritários, à direita e à esquerda, impõem ou tentam impor ditaduras, explícitas ou disfarçadas. Acham que, por serem a expressão legítima do povo, podem tudo.
Assim, caímos de novo em velha tese: os fins justificam os meios, roubar e assassinar.
Renato Janine Ribeiro diz que os regimes comunistas cometeram o pecado da extrema violência física, eliminando milhões de pessoas. Mas eram eticamente puros, sustenta: gostavam de limusines e dachas, mas não colocavam dinheiro público no bolso. (A propósito, anotem aí: isto é uma prévia para uma eventual defesa de Lula, quando começam a aparecer sinais de que o ex-presidente e sua família abusaram de mordomias mais do que se sabe).
Quanto aos comunistas, dizemos nós, não eram “puros” por virtude, mas por impossibilidade. Não havia propriedade privada, de maneira que os corruptos não tinham como construir patrimônios pessoais. Roubavam dinheiro de bolso e se reservavam parte do aparelho do estado, enquanto o povo que representavam passava fome. Puros?
Reparem: na China, misto de comunismo e capitalismo, os líderes e suas famílias amealharam, sim, grandes fortunas pessoais.
Voltando ao nosso caso brasileiro, vamos falar francamente: ninguém precisa ser ladrão de dinheiro público para distribuir Bolsa Família e aumentar o salário mínimo.
Querem tudo?
Dilma consegue aprovar a MP que garante uma queda na conta de luz.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico diz que haverá mais apagões porque não há como evitá-los sem investimentos que exigiriam tarifas mais caras.
Ou seja, a conta será mais barata, em compensação vai faltar luz.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista, O Globo, 20-12-2012

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