Objectivamente no Natal temos
mil razões de tristeza. Temos sempre, porque faz-nos recordar o que perdemos,
todas as pessoas que fizeram parte da nossa vida, mas que desapareceram
entretanto, e muito sinceramente, atrevo-me a dizer que é mais fácil quando
morreram, do que quando se afastaram por mal-entendidos e guerras, quando nos
magoaram e fugiram, deixando mil questões em aberto.
E se todos os anos é assim,
neste ano de crise ainda é mais fácil fazer uma lista de motivos de desânimo.
Aliás, a juntar aos nossos, basta acrescentar aqueles que as televisões nos
servem à hora de jantar, alguns numa clara exploração da desgraça alheia, de
uma generalização abusiva da tragédia que, suspeito, nem sequer mobiliza as
pessoas para a solidariedade, antes deixando-as deprimidas e presas à ideia de
que perdidos por cem, perdidos por mil.
Mas coisa diferente do que
termos razões de tristeza, é imaginarmos que precisamos de abafar em nós a
alegria, como se a felicidade fosse politicamente incorrecta. Pior do que isso,
sermos julgados ou julgarmos por ela, como se cada gargalhada fosse sinal
exterior de inconsciência, de uma vida fácil ou de heroicidade. Disfarçar a
tristeza, com medo de a partilhar com os outros, como se não as pudéssemos
“atacar” com os nossos problemas, porque o Natal é tempo de festa é oferecer a
si mesmo uma solidão imensa de presente, mas ter receio de ser feliz, porque
não está na moda, é esquecer o que é o Natal.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak,
19-12-2012
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