Carlos Lúcio Gontijo
Gabriel Guedes, filho do cantor e compositor Beto Guedes, em entrevista concedida na rádio Inconfidência FM, no dia 11 de dezembro deste ano de 2012, expôs com toda a clareza as dificuldades que rondam os autores independentes, seja na música ou na literatura e no teatro, uma vez que a cultura não é prioridade para o governo brasileiro, tanto na área federal quanto nas esferas estadual e municipal. Gabriel Guedes tinha um show de lançamento de CD para o dia seguinte àquela entrevista, num espaço para 800 pessoas localizado no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte. O jovem músico estava desesperado, pois havia vendido apenas 12 ingressos. Ou seja, além do fiasco capaz de comprometer o andamento de sua carreira artística, estava à beira de um grande prejuízo financeiro, pois aplicou todas as suas economias no tal evento, envolvendo inclusive a venda de seu único carro.
Gabriel Guedes, filho do cantor e compositor Beto Guedes, em entrevista concedida na rádio Inconfidência FM, no dia 11 de dezembro deste ano de 2012, expôs com toda a clareza as dificuldades que rondam os autores independentes, seja na música ou na literatura e no teatro, uma vez que a cultura não é prioridade para o governo brasileiro, tanto na área federal quanto nas esferas estadual e municipal. Gabriel Guedes tinha um show de lançamento de CD para o dia seguinte àquela entrevista, num espaço para 800 pessoas localizado no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte. O jovem músico estava desesperado, pois havia vendido apenas 12 ingressos. Ou seja, além do fiasco capaz de comprometer o andamento de sua carreira artística, estava à beira de um grande prejuízo financeiro, pois aplicou todas as suas economias no tal evento, envolvendo inclusive a venda de seu único carro.
Temos, ao longo de nossa
empreitada literária, tomado um grande cuidado com o dom da arte da palavra que
nos habita, uma vez que não podemos pautá-lo tangido pela visão imediatista que
rege o mundo marcado pelas exigências do sistema capitalista, onde só tem valor
o que dá lucro e muito dinheiro – fenômeno raro no mundo da literatura, onde
nem todo livro que vende muito romperá os horizontes do futuro com o mesmo
brilho, podendo até ser jogados no lixo da história, não figurando sequer no
acervo dos sebos literários.
Fechamos o ano fazendo
prefácio para livro do poeta Luiz Cláudio de Paulo, que não é pessoa de posse,
mas carrega com muita luta e empenho o exercício de sua boa poesia. E como ele,
são muitos os poetas e escritores a darem volume e dinamismo à impressão de
livros no Brasil. Somos bastante procurados por autores interessados em editar
seus livros e que vêm a nós à procura de alguma fórmula mágica ou a elucidação
do caminho das pedras. Porém, tudo o que podemos dizer-lhes é que não existe
segredo nem magia e que a saída, se o dom é mesmo chama ardente no peito e na
alma, é transformar o desejo de impressão da obra literária em absoluta
prioridade e passar a fazer economia ou poupança com o objetivo de materializar
o sonho idealizado. Nada cai do céu – patrocinador ou mecenas também não.
Cultura é mesmo para quem é de
cultura. Dia desses, aqui em Santo Antônio do Monte, onde hoje moramos,
atravessava uma praça com o velho e querido pai José Carlos Gontijo. No
trajeto, fomos interrompidos por um candidato a vereador, que certa feita foi
candidato a prefeito. Papai o cumprimentou e disse: este é meu filho. E o
político respondeu: – Dos seus filhos, o que gosto é daquele que escreve. –
Mas, meu filho que escreve é exatamente este! Daí então o cara nos encheu de
elogios tardios. Depois, fomos embora, levando uma inarredável má impressão
daquele candidato a vereador, pois afinal já lançamos 14 livros, mantemos no ar
site de livre acesso desde junho de 2005, disponibilizando toda a nossa obra
literária. E se ele tivesse tido algum interesse em pelo menos dar uma corrida
de olhos em qualquer canto de todo esse material literário, ter-se-ia deparado
com fotos de nosso rosto e certamente nos reconheceria.
Passaram-se alguns poucos dias
e toda a minha impressão desfavorável a respeito do candidato a vereador que
distribuía “santinhos” na praça se confirmou. O camarada, que não conseguiu ser
eleito, além de assistir a seu candidato a prefeito ser derrotado nas urnas,
houve por bem (mais no sentido de por mal) interpor junto à Justiça impedimento
para que o vencedor, Dr. Wilmar de Oliveira Filho, não fosse diplomado ou
tomasse posse. Daí então, em nossa mente ficou a ideia de que cidadão
pleiteante a mandato político que não prestigia a cultura de sua terra é ruim
da cabeça, como nos diz a canção de Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba,
bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e
jornalista
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