José Manuel
Recentemente, tivemos na sede
da ABI, aqui no Rio de Janeiro, um revival da produção clássica
Italiana de 1966, e dirigida por Mário Monicelli, que retrata os
costumes da cavalaria medieval, através da comédia satírica.
“Na Itália medieval, um grupo
de maltrapilhos rouba de um cavaleiro o título de um castelo, situado no feudo
de Aurocastro. Mas para se apossarem do feudo, eles necessitam de um cavaleiro,
e acabam por encontrar Brancaleone da Nórcia!
Brancaleone é pobre e
atrapalhado, mas bem-intencionado. Em sua jornada para tomar posse do feudo de
Aurocastro, objetivo do qual (tal como Dom Quixote) é desviado em diversas
oportunidades, muitas aventuras bizarras e surpresas acontecem, sempre
acompanhado de sua fiel "Armata" - o bando de maltrapilhos ladrões
que o seguem com a promessa de muitas riquezas no futuro feudo de Brancaleone.
Em uma destas aventuras,
quando salva a donzela Matelda, Brancaleone se apaixona pela moça. Matelda,
contudo, deve ser enviada a um nobre para se casar, e casar virgem. Ela não
quer o casamento e tenta convencer Brancaleone a fugir com ela e deflorá-la.
Mas o cavaleiro não quer quebrar o "código da cavalaria" e levará a
moça a seu destino. Após chegar ao local de encontro é acusado de abusar da
moça, e preso em uma jaula, até à morte. Contudo, seus amigos o salvam.”
O texto acima, é a sinopse do
filme satírico de 1966, mas um escopo perfeito para ser colocado em uma mesa de
autópsia e dissecar cada palavra escrita, cada personagem, cada situação
crítica, cada pseudo herói.
Parece que não há a menor
dúvida em identificar o principal herói deste filme, com a manifestação
supostamente em favor da nossa empresa maior.
Também nota-se, assim como no
filme, a encenação satírica ao ato pelos atores de sempre, exatamente aqueles
que foram retratados como um grupo de maltrapilhos, na
célebre comédia italiana, roubando um título, ou para ser mais preciso o nome
dessa empresa hipoteticamente situada no feudo de Aurocastro, indiscutivelmente
a própria empresa maior. Como diz o texto, para se apossarem desse feudo,
precisavam sem dúvida de alguém, um cavaleiro, a que se dispusesse a fazê-lo e
é aqui que entra o nosso Brancaleone tupiniquim.
Há doze anos Brancaleone e
seus maltrapilhos, vinha demonstrando interesse em se apoderar não só de
Aurocastro, mas também de outros feudos muito próximos e de fácil captura.
Como relata o texto,
Brancaleone é pobre e atrapalhado na história Italiana, mas ao que parece por
aqui, não tão bem intencionado e sempre acompanhado pelo seu bando de
maltrapilhos ladrões com a promessa de muitas riquezas nos futuros feudos do
pseudo herói das bravatas.
Brancaleone, uma contradição
em si próprio, é geralmente confundido pela elite dirigente de um pseudo país,
em que por meios não conhecidos exerce de fato o poder sem que queira o trono,
pois odeia trabalhar. A verdade, é que o trono é o último lugar em que ele
deseja ser visto, pois como eminência parda, um Richelieu dos trópicos, maneja
as cordas da sua marionete e usufrui dos privilégios que só o poder propicia,
com a vantagem de nunca ter de dar o expediente que tanto odeia, no palácio com
tetos de cristal.
Os exércitos boquirrotos,
maltrapilhos, vermelhos e com raiva da classe média, a quem como o seu líder
tanto odeiam mas que fielmente o acompanham neste ato da ABI, foram
conclamados a ir para as ruas, para como disse o falastrão, preservar
aquilo que é nosso (que eles acham ser deles), para
não perder o butim maior que os supre há anos, mas que por ironia do destino
não compartilham com os seus correligionários fiéis, ignorantes e famintos.
A estes, os indigentes de
camisas vermelhas, napoleonicamente diz que os exércitos marcham sobre os seus
estômagos, liberando-os assim para o saque à sociedade.
Ele se acha o fiel escudeiro
da donzela Matelda e faz de tudo, até conclamar os seus exércitos que não são
os conhecidos de todos, para que o seu objetivo de a levar ao destino que ele
está convencido de ser o verdadeiro, se cumpra fielmente. Ela quer que ele a
deflore, mas como bom cavaleiro a seu modo, não quer quebrar o "código da cavalaria", que poderíamos traduzir aqui pelos
conhecidos " não sei de nada, não vi, nunca estive "
O seu destino está traçado, e
quando chega ao seu imaginário local, acaba preso numa jaula até à morte, por
ter abusado da moça, (há 12 anos).
Como sempre, e a história o
confirma, é salvo pelas figuras proeminentes do reino, seus velhos amigos,
sempre prontos a livrarem a cara do seu líder maior, e brindam à farta com Romanée
Conti e uma grande e suculenta pizza Italiana.
Quem seria Matelda?
Parece que a história não
evolui, mesmo depois de séculos.
Título e Texto: José Manuel, 27-2-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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