sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Cunha vai para a implosão do inimigo ou vai escolher cair de vez?

Luciano Henrique

Há algo que ainda não entrou na cabeça de nenhum dos adversários do PT. Quando isto acontecer, começaremos a ver um confronto entre adultos. É isto que precisa entrar de qualquer jeito na mufa: a psicopatia e o sadismo são diferenciais absolutos do Partido dos Trabalhadores. A ausência de estruturas mentais prontas para lidar com tais facetas da mente humana colocará qualquer adversário do partido sempre em desvantagem.

Foi assim durante as eleições de 2014, quando Aécio Neves foi chamado de agressivo ao chamar Dilma de “leviana”. Ao invés de denunciar o cinismo e a chantagem emocional, levando a prática do shaming à uma escala épica, ele recuou. O não aceite do entendimento de como funciona o processamento cerebral petista gerou seus dividendos óbvios.

Com Eduardo Cunha [foto], está acontecendo exatamente a mesma coisa. E aqui o PT tem utilizado o sadismo com uma maestria invejável. Antes, precisamos entender o que é realmente o sadismo, que não tem nada a ver com chicotadas no lombo de uma vítima. Isto, na verdade, não passa de um meio. O sadismo, conforme se vê na estrutura das obras de Marques de Sade, é simplesmente um processo de criação de submissão alheia a partir do uso coordenado de afrontamento à dignidade do alvo, com momentos de liberação do sofrimento (e até provimento de prazer temporário). O cérebro da vítima, confuso, não sabe o que fazer. Em muitos casos o resultado é a submissão absoluta.

O aspecto mais cruelmente irônico de todo este processo é que ele se baseia na influência de uma vítima, que, se tiver força mental suficiente, poderá escapar do logro. Mas em muitos casos não é o que acontece. É aí que o PT se esbalda diante do PMDB.

Em alguns momentos, uma parte fulcral do jogo sádico até inclui dar a impressão de que a vítima está no controle. Mas quem ganha, sempre, é o algoz. Hoje em dia muitos parecem acreditar que o PT está refém do PMDB. Na verdade, o PT tem se utilizado do PMDB, e como afronta (eis a chave do sadismo) publica pela mídia paga com dinheiro público que o “PMDB é um partido chantagista”. Há poucas semanas, Dilma chamou Eduardo Cunha para conversar. Mas foi só ele falar em barrar o veto de Dilma ao financiamento empresarial de campanha que de novo o inferno se abateu sobre sua cabeça: surgiu a denúncia de que o presidente da Câmara tem quatro contas na Suíça.

A afronta está aqui, mesmo sem precisarmos advogar por sua inocência ou não: o direcionamento das investigações sobre Cunha, ao mesmo momento em que os políticos petistas não são investigados, é uma forma de ataque feito para humilhar sua vítima. O PT nem mesmo se esforça para esconder tais artimanhas. Em padrões sádicos, é melhor que seja assim: Cunha precisa saber que sua humilhação é produto deliberado do PT, que escolhe quando ele terá momentos de alívio ou não. Como previsto para quem já se dispôs a desconstruir as obras do Marques de Sade, o resultado é que Cunha se feche em um casulo. A meta: que ele volte cada vez mais manso e mais servil.

Quem ainda acha que há alguma coisa de exagero, basta lembrar que Dilma vetou o financiamento empresarial de campanha e até o voto impresso em uma única semana. Tudo enquanto muitos quiseram crer que ela estava “encurralada” pelo PMDB. Na realidade, um processo sádico estava em curso, sob pleno controle do PT. Os açoites violentíssimos nas costas do PMDB são feitos com a exposição pública do partido como “vendedor de cargos” e de Eduardo Cunha como um pária a ser destruído. Aliás, quem ler a BLOSTA verá que os ataques agora também são lançados à sua esposa e suas filhas. O PT continua nadando de braçadas. E bate com prazer. Até babam de tesão.

A tendência é que mais membros do PMDB ajoelhem-se, gaguejando. Sem saber o que falar, e com o cérebro em colapso (além de com a dignidade em baixa), teremos alguns dias de comportamento patético por parte das vítimas.

Mas o que fazer para reverter este processo? Assim como para duelar contra psicopatas, só a humilhação pública resolve (pois o psicopata só se preocupa com sua reputação, e nada mais), para quebrar um processo sádico é preciso bater de frente com o algoz. É claro que a utilização de Rodrigo Janot na denunciação preferencial contra Cunha já não engana mais ninguém. Com isso, o PT busca marcar seu espaço com urina no imaginário público dizendo “quem mexe conosco vai se ferrar”. Mas isso já estava óbvio desde o início. Logo, Cunha só pode reverter este processo se resolver, como nunca fizera no passado, bater realmente de frente com o PT. Mas é preciso falar grosso.

Lemos por aí que Cunha tem dito, em privado, que não cairá sozinho. Dizem que ele se porta como detentor de segredos sobre práticas que comprometeriam a liderança petista. Se assim o é, quanto mais Cunha ficar só na ameacinha, mais ele vai sofrer. A razão para isso é que o sádico sempre vai apelar ao seu recurso mais básico: aumentar o nível da afronta. Quer dizer, quanto mais Cunha ficar apenas na ameaça, mais ele será humilhado pelas jogadas coordenadas pelo PT.

A única alternativa para ele é começar atirar definitivamente de forma ilimitada. Como já disse, só existe esta maneira de interromper um sádico: bater de frente. Isto significa agir para derrubar o governo do PT, com todos os recursos que estiverem à sua mão, inclusive o vazamento de informações que levem os líderes do PT para a cadeia. Ou é assim ou continuar sendo uma vítima nas mãos de sádicos. A escolha está nas mãos dele.

A reação de Cunha, entregando o governo petista, poderá, enfim, encerrar o processo sádico. Que o presidente da Câmara se inspire pela música Implode, do Slayer. É hora de botar o castelo psicopático de cartas abaixo:


Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 1-10-2015

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