Luciano Henrique
Há algo que ainda não entrou
na cabeça de nenhum dos adversários do PT. Quando isto acontecer, começaremos a
ver um confronto entre adultos. É isto que precisa entrar de qualquer jeito na
mufa: a psicopatia e o sadismo são diferenciais absolutos do Partido dos
Trabalhadores. A ausência de estruturas mentais prontas para lidar com tais
facetas da mente humana colocará qualquer adversário do partido sempre em
desvantagem.
Foi assim durante as eleições
de 2014, quando Aécio Neves foi chamado de agressivo ao chamar Dilma de
“leviana”. Ao invés de denunciar o cinismo e a chantagem emocional, levando a
prática do shaming à uma escala épica, ele recuou. O não
aceite do entendimento de como funciona o processamento cerebral petista gerou
seus dividendos óbvios.

O aspecto mais cruelmente
irônico de todo este processo é que ele se baseia na influência de uma vítima,
que, se tiver força mental suficiente, poderá escapar do logro. Mas em muitos
casos não é o que acontece. É aí que o PT se esbalda diante do PMDB.
Em alguns momentos, uma parte
fulcral do jogo sádico até inclui dar a impressão de que a vítima está no
controle. Mas quem ganha, sempre, é o algoz. Hoje em dia muitos parecem
acreditar que o PT está refém do PMDB. Na verdade, o PT tem se utilizado do
PMDB, e como afronta (eis a chave do sadismo) publica pela mídia paga com
dinheiro público que o “PMDB é um partido chantagista”. Há poucas semanas,
Dilma chamou Eduardo Cunha para conversar. Mas foi só ele falar em barrar o
veto de Dilma ao financiamento empresarial de campanha que de novo o inferno se
abateu sobre sua cabeça: surgiu a denúncia de que o presidente da Câmara tem
quatro contas na Suíça.
A afronta está aqui, mesmo sem
precisarmos advogar por sua inocência ou não: o direcionamento das
investigações sobre Cunha, ao mesmo momento em que os políticos petistas não
são investigados, é uma forma de ataque feito para humilhar sua vítima. O PT
nem mesmo se esforça para esconder tais artimanhas. Em padrões sádicos, é
melhor que seja assim: Cunha precisa saber que sua humilhação é produto
deliberado do PT, que escolhe quando ele terá momentos de alívio ou não. Como
previsto para quem já se dispôs a desconstruir as obras do Marques de Sade, o
resultado é que Cunha se feche em um casulo. A meta: que ele volte cada vez
mais manso e mais servil.
Quem ainda acha que há alguma
coisa de exagero, basta lembrar que Dilma vetou o financiamento empresarial de
campanha e até o voto impresso em uma única semana. Tudo enquanto muitos
quiseram crer que ela estava “encurralada” pelo PMDB. Na realidade, um processo
sádico estava em curso, sob pleno controle do PT. Os açoites violentíssimos nas
costas do PMDB são feitos com a exposição pública do partido como “vendedor de
cargos” e de Eduardo Cunha como um pária a ser destruído. Aliás, quem ler a
BLOSTA verá que os ataques agora também são lançados à sua esposa e suas
filhas. O PT continua nadando de braçadas. E bate com prazer. Até babam de
tesão.
A tendência é que mais membros
do PMDB ajoelhem-se, gaguejando. Sem saber o que falar, e com o cérebro em
colapso (além de com a dignidade em baixa), teremos alguns dias de
comportamento patético por parte das vítimas.
Mas o que fazer para reverter
este processo? Assim como para duelar contra psicopatas, só a humilhação
pública resolve (pois o psicopata só se preocupa com sua reputação, e nada
mais), para quebrar um processo sádico é preciso bater de frente com o algoz. É
claro que a utilização de Rodrigo Janot na denunciação preferencial contra
Cunha já não engana mais ninguém. Com isso, o PT busca marcar seu espaço com
urina no imaginário público dizendo “quem mexe conosco vai se ferrar”. Mas isso
já estava óbvio desde o início. Logo, Cunha só pode reverter este processo se
resolver, como nunca fizera no passado, bater realmente de frente com o PT. Mas
é preciso falar grosso.
Lemos por aí que Cunha tem
dito, em privado, que não cairá sozinho. Dizem que ele se porta como detentor
de segredos sobre práticas que comprometeriam a liderança petista. Se assim o
é, quanto mais Cunha ficar só na ameacinha, mais ele vai sofrer. A razão para
isso é que o sádico sempre vai apelar ao seu recurso mais básico: aumentar o
nível da afronta. Quer dizer, quanto mais Cunha ficar apenas na ameaça, mais
ele será humilhado pelas jogadas coordenadas pelo PT.
A única alternativa para ele é
começar atirar definitivamente de forma ilimitada. Como já disse, só existe
esta maneira de interromper um sádico: bater de frente. Isto significa agir
para derrubar o governo do PT, com todos os recursos que estiverem à sua mão,
inclusive o vazamento de informações que levem os líderes do PT para a cadeia.
Ou é assim ou continuar sendo uma vítima nas mãos de sádicos. A escolha está
nas mãos dele.
A reação de Cunha, entregando
o governo petista, poderá, enfim, encerrar o processo sádico. Que o presidente
da Câmara se inspire pela música Implode, do Slayer. É hora de
botar o castelo psicopático de cartas abaixo:
Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 1-10-2015
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