Percival Puggina
Existem situações que, não
importa quantas vezes as tenhamos presenciado, são naturalmente engraçadas e
sempre nos fazem rir. Lembro-me, por exemplo, de um comercial em que, a partir
do tropeção de alguém, as pessoas iam desabando umas sobre as outras em longa
série de trambolhões. Nas comédias pastelão, o sujeito derrubava uma pilha de
pratos e ficava olhando para outro lado como se nada tivesse a ver com o acontecido.
Era engraçado.
O petismo faz a mesma coisa,
mas sem graça alguma. O partido que viria para regenerar a República patrocinou
uma sequência de desastres dos quais nenhuma dimensão da vida social, política
e econômica ficou de fora. E lida com tais questões como se nada tivesse a ver
com elas. Derrubou pilhas de pratos da economia, contabilizou 13 milhões de
desempregados (na realidade o número é muito maior), quebrou os degraus da
escada do PIB gerando estagnação e recessão. Fez o mundo olhar para o Brasil
com ar de escândalo, vendo-nos como irresponsáveis, como se o Brasil fosse uma
Grécia gigantesca e autofágica que engole o próprio PIB. Não contente,
emburreceu nossos estudantes, mais preocupado com fazer que fossem
influenciados politicamente do que em lhes transmitir conhecimentos. Temos
honrados analfabetos funcionais com diploma de terceiro grau e vivas a Paulo
Freire! A produtividade do brasileiro cai. Criminalidade em alta e repressão em
baixa. E, claro, corrupção de dez dígitos. Bateram-se carteiras no salão.
As relações entre o PT e a
crise brasileira são para lá de conhecidas. No entanto, diante da enorme
rejeição social, perante o estrago causado pela crise e a corrupção, os
dirigentes petistas andam por aí, em meio a uma montanha de pratos quebrados,
olhando para os lados, xingando a todos e pondo as culpas em quem está juntando
os cacos do país.
Tenho assistido às reuniões do
Congresso a que comparece o ministro Paulo Guedes. São eventos
importantíssimos, de extrema urgência. Neles o ministro discorre sobre os
botões que precisam ser acionados para que a explosão não aconteça. O que faz o
PT, acompanhado da colônia de partidos que o cercam? Nem ao menos tenta ser
discreto ou engraçado. Nem olha para o lado com cara de paisagem. Não esboça o menor
sinal de constrangimento. Dedica-se, furiosamente, a impedir que medidas
saneadoras sejam tomadas. Discursa como se estivesse preocupado com zelar pelos
pobres enquanto protege os privilegiados do sistema previdenciário em vigor.
Título e Texto: Percival
Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Puggina.org,
6-6-2019
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