Pnad Continua mostrou que 24,1 milhões
estão na informalidade
Akemi Nitahara
Depois de 20 trimestres
seguidos com queda ou estagnação, o número de trabalhadores com carteira
assinada no setor privado voltou a crescer, com a criação de 294 mil vagas, no
segundo trimestre.
Dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio - Contínua (Pnad Continua), divulgados hoje (31), pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o aumento
foi de 0,9% na comparação com o primeiro trimestre de 2019, chegando ao total
de 33,2 milhões de pessoas.
As vagas criadas na indústria
foram responsáveis por 49,7% desse total e 39% foram empregos gerados na área
de educação. O setor público, estimado em 11,7 milhões de pessoas, teve aumento
de 2,6% no trimestre.
Informalidade
Já o número de pessoas que
trabalham por conta própria bateu novo recorde. A Pnad Continua mostrou que são
24,1 milhões nessa situação, 1,6% a mais do que no trimestre anterior e 5% a
mais do que no segundo trimestre do ano passado.
O número de empregados sem
carteira assinada chegou ao número também recorde de 11,5 milhões de pessoas,
com 3,4% a mais do que o primeiro trimestre e 5,2% a mais do que o segundo
trimestre de 2018. De acordo com o coordenador de Trabalho e Rendimento do
IBGE, Cimar Azeredo, a informalidade atinge 38,15% dos trabalhadores.
“Quase 40% na informalidade é
um número muito importante. É o trabalhador por conta própria sem CNPJ,
trabalhador sem carteira assinada. Temos formas atípicas de trabalho surgindo
no Brasil e no mundo, como motorista de aplicativo, que não tem carteira
assinada nem CNPJ, a pessoa que vende quentinha na rua. É informal mesmo”.
População ocupada
A população ocupada cresceu
2,6% na comparação anual. Segundo Azeredo, foi a maior variação da série
histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Na comparação com o trimestre
anterior, a variação foi de 1,6%. Ele destaca que, apesar do total da população
ocupada ter atingido 93,3 milhões de pessoas, o país está com um contingente de
28,4 milhões de pessoas subutilizadas.
“Falar em virada no mercado de
trabalho com um quarto da população subutilizada e atingindo recorde na série é
minimizar o problema que a gente tem no Brasil hoje. Nós não temos só 12 ou 13
milhões de pessoas desocupadas. Nós temos 28 milhões de pessoas subutilizadas
no Brasil, levando em consideração as pessoas que estão subocupadas por
insuficiência de horas, que é recorde na série, a população desalentada, que
também é recorde na série”.
O IBGE calcula que o desalento
atinge 4,87 milhões de pessoas, o que representa 4,4% do total da força de
trabalho do país. A população em idade de trabalhar, ou seja, 14 anos ou mais,
foi estimado em 170,9 milhões de pessoas, um aumento de 1% na comparação anual.
A força de trabalho, somadas as pessoas ocupadas e as desocupadas, atinge 106,1
milhões de pessoas. Um total de 64,8 milhões de pessoas estão fora da força de
trabalho, o que indica queda de 1% na variação anual.
Nível de ocupação
O nível de ocupação no país,
que representa o percentual de pessoas em idade de trabalhar e que estavam
ocupadas na semana de referência, teve uma leve recuperação de 0,8 ponto
percentual na comparação com o primeiro trimestre. O índice atingiu a menor
taxa no início de 2017, com 53,1%, e o maior índice de ocupação foi no fim de
2013, com 57,3%.
Em termos de taxa de
desocupação, houve ligeira melhora no trimestre, passando de 12,7% para 12%.
Azeredo destaca que, se o mercado de trabalho está se recuperando e deixando
para trás os 13% de desempregados alcançados no segundo trimestre de 2017, o
Brasil ainda está bem longe de alcançar a taxa de 6,2% do último trimestre de
2013.
Salários
Quanto à massa salarial, que
soma todos os rendimentos dos trabalhadores, o valor chegou a R$ 208,4 bilhões,
um aumento de 2,4% na comparação com o segundo trimestre de 2018 e estabilidade
em relação ao trimestre anterior. O rendimento médio ficou em R$ 2.290, 1,3% a
menos na comparação trimestral e 0,2% a menos na variação anual. Segundo
Azeredo, essa diminuição ocorre por causa da entrada de pessoas no mercado de
trabalho pela informalidade e com rendimentos mais baixos.
Título e Texto: Akemi
Nitahara; Edição: Fernando Fraga – Agência Brasil, 31-7-2019
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