O Presidente ganhou a eleição
praticamente sozinho. Ele, seus eleitores e as redes sociais. O estilo deu
certo sem gastar, sem marqueteiro, sem apoio da maioria dos meios de
informação. E hoje, passados quase sete meses da posse, o Presidente parece
sentir-se confortável usando as mesmas armas da campanha: falar direto, não
deixar de responder às críticas, pôr em prática o que foi prometido e
autorizado pelo voto de quase 58 milhões de brasileiros.
Os que nele votaram deram-lhe
mandato para tirar a esquerda do poder e recuperar valores. Por isso ele fala
em missão – a tarefa que lhe incumbiram. Desde 1995 até o afastamento de Dilma
em 2017, o Brasil teve governos de caráter socialista. Foram mais de 20 anos de
mudanças nas leis penais, na economia, no Estado, na segurança; de fisiologismo
e anos de corrupção que levaram um presidente para a cadeia.
Durante duas décadas, governo
e opinião pública foram induzidos a viver um sistema que não deu certo em lugar
algum do mundo e os resultados, após 20 anos, foram 12 milhões de desempregados
e a maior recessão da história, um esquema institucionalizado de corrupção
jamais visto, com enfraquecimento de valores como família e pátria. Direitos
sobrepujaram os deveres e desequilibraram a balança da cidadania e do estado.
Só um lado passou a ter voz e
poder. É como se o país estivesse polarizado apenas de um lado. Tanto que não
se falava em “vocês e nós”, mas em “nós e eles”. O “nós” vinha em primeiro
lugar e o “eles” era uma terceira pessoa oculta. O gigante silencioso
despertado pelo candidato Bolsonaro, gerou a queixa de “bipolarização”; que
isso iria dividir o país em dois, como se o país já não tivesse sofrido
divisões. “Divide e governa!”. Ainda bem que se pode discutir agora. Ideia
única é o caminho para enveredar em corrupção, desemprego e recessão, sem que a
crítica ajude a corrigir rumos.
O Presidente bater boca com
jornalistas e ser criticado é saudável. Afinal, não se pode esquecer que ele,
durante a campanha, avisou que “é bom já ir se acostumando”. Ele acredita que precisa fazer uma faxina no
“aparelhamento” plantado no Estado brasileiro, não apenas nos ministérios e
estatais, mas também em órgãos de ciência, cultura, educação e diplomacia. A
população de menos de 35 anos nem lembra que existe outro estilo de governo
além do que viu desde 1995. E não parece que o presidente vá mudar um estilo
que deu certo na campanha. É da natureza dele. Agora esse estilo será julgado
pelos resultados.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 22-7-2019
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