quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os países mais hostis com a imprensa na América Latina

A Argentina, a Venezuela e o Equador estão entre os que menos respeitam a liberdade de imprensa no mundo livre, segundo a Sociedade Interamericana de Imprensa.
Natalia Ramos para a AFP
Os três países acima, sem considerar Cuba, é claro, são os três países mais hostis com a imprensa e o jornalismo, que se vêm constantemente minados por “manobras” judiciais, ameaças e violência, conforme o comunicado preliminar da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) difundido no domingo.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, participou no domingo, 14 de outubro de 2012, da assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em São Paulo. Foto: Sebastião Moreira/EFE

“São tempos perigosos para os jornalistas”, afirmou o presidente da SIP Milton Coleman, do jornal estadunidense ‘The Washington Post’, ao iniciar a sessão da Comissão de Liberdade de Imprensa e de Informação em São Paulo durante a 68ª Assembleia Geral da organização, iniciada na sexta-feira última. “Ao todo, 13 jornalistas foram assassinados em 2012 nas Américas e outros dois estão desaparecidos”, esclareceu Coleman.

Em seu relatório anual, que será submetido à votação da Assembleia na próxima terça-feira, a SIP assinalou que na Argentina “uma série de resoluções governamentais, de manobras judiciais, de declarações de agravamentos ameaçadoras feitas por funcionários públicos (…) configuram um cenário obscuro para a prática do jornalismo”.

O texto insiste nas dificuldades para se aceder às fontes oficiais e o uso que a presidente Cristina Kirchner faz das cadeias nacionais de rádio e TV. Além disso, destaca o aumento dos recursos financeiros para os meios de comunicação estatais, ao passo que os privados “sofrem pressões e discriminações de toda ordem”.

“A mídia estatal funciona, dentro de seus espaços informativos, como órgãos partidários”, afirma o documento. “São porta-vozes dos partidos que dão apoio ao governo”.

O informe da SIP também passa em revista o caso do Grupo Clarín, o maior meio midiático da Argentina, em função do próximo dia 7 de dezembro, quando deve começar a ser aplicada uma lei antimonopolista que a empresa considera uma tentativa do governo de ter a hegemonia dos serviços audiovisuais.

Batizado de ‘7D’, esse é o dia marcado para uma decisão da Corte Suprema argentina para resolver uma provisão judicial do Grupo Clarín, mas o governo o interpreta como sendo o último prazo para que o consórcio seja privado dos meios audiovisuais.
Representantes da mídia argentina pediram que a SIP envie uma missão ao país nessa data, uma proposta que será revisada e avaliada. Outro dos capítulos extensos do informe se refere à Venezuela, onde na opinião da SIP “a alta polarização política é atentatória contra o livre exercício do jornalismo”.

Falta de acesso às fontes oficiais, maus tratos, detenções e insultos a jornalistas estão, segundo a SIP, entre os principais problemas da imprensa neste país petroleiro governado pelo presidente Hugo Chávez, recentemente reeleito para um novo mandato de seis anos.

O relatório enumera uma longa lista de agressões à imprensa, relata o uso excessivo que Chávez faz das cadeias de meios de comunicação e recorda a multa de 2,16 milhões de dólares que teve que pagar a emissora de TV privada ‘Globovisión’, muito crítica do governo, pela cobertura de uma crise carcerária em 2011.

EQUADOR SEM LIBERDADE PLENA DE IMPRENSA E BRASIL E MÉXICO VIOLENTOS .
No Equador “não existe plena liberdade de expressão e de informação”, assegurou a SIP em seu informe, acrescentando que “o governo (do presidente Rafael Correa) está tomando decisões que deterioram a liberdade de expressão e informação”. “A justiça manipulada pelo executivo continua expedindo sentenças com bases em figuras como ‘desacato e injúria às autoridades”, disse o relatório, afirmando que “o regime segue usando recursos públicos para atacar e ‘desmentir’ sistematicamente o que se publica na mídia, pelos jornalistas e por pessoas cuja opinião é contrária à do governo”.

No Brasil “causa especial alarme o aumento dos assassinatos de jornalistas”, disse o documento ao descrever três casos de assassinato encomendado ao longo do ano. Umas quinze agressões a jornalistas, casos de ameaças e de censura prévia, sobretudo em épocas eleitorais, são relevados no relatório.

Durante a apresentação destacou-se, de fato, o papel positivo da imprensa na cobertura de um histórico julgamento por corrupção que afeta fortemente o Partido dos Trabalhadores: o caso do mensalão.

Em Cuba, “a absoluta repressão contra as liberdades e os direitos individuais, da imprensa e de expressão continuaram nesse período”, disse a SIP, com sede em Miami.

“A diferença de outros períodos é que hoje as prisões (cubanas) não estão cheias de jornalistas, em função do alto grau de vigilância, controle e repressão”, avaliou.

Na tarde de domingo passada continuava a revisão dos capítulos de cada país, entre eles o do México, onde “a principal preocupação é a ameaça constante dos cartéis de drogas aos jornalistas”.
Título e Texto: Natalia Ramos para a AFP
Tradução: Francisco Vianna

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