Um veterano agente da CIA é
nomeado para dirigir a maior agência de segurança dos EUA, em Langley, na
Virgínia, mas passa a ser um dos assessores em que o presidente mais confia.
Francisco Vianna
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John Brennan, com Obama no Salão Oval, em janeiro último. Foto: Pete Souza/AFP |
Brennan levou meses
assessorando Obama numa operação militar com a qual os EUA caçariam Bin Laden,
depois de uma década dos ataques de 11 de setembro de 2001, supostamente
planejados pelo terrorista saudita.
Na célebre foto (acima) em que
o primeiro escalão do governo estadunidense presencia, ao vivo, o desencadear
da operação militar que supostamente matou Bin Laden, Brennan aparece por trás
da Secretária de Estado e do chefe do Pentágono, circunspecto e tenso, num dos
momentos cruciais para a história e a segurança da nação.
Brennan, de 57 anos, que pela
segunda vez aspirava a um posto importante no governo democrata, teve a sua
nomeação devida ao fato de Obama acreditar que ele era naturalmente o mais
indicado e qualificado. Desde a década de 1980, quando entrou para a CIA, como
analista, sua proficiência o levou ao cargo de diretor de missão na Arábia
Saudita na década de 1990 e chefe de gabinete do ex-diretor da Agência, John
Tenet, entre 1999 e 2001, para logo ser promovido a diretor do Centro Nacional
Antiterrorista da CIA, entre 2004 e 2005.
Ao tomar posse, em 2009, Obama
se certificou de que ninguém tinha melhores credenciais para dirigir a CIA do
que John Brennan, principalmente após o período obscuro das transferências de
prisioneiros de guerra inimigos às prisões militares de Guantánamo, em Cuba, e
do polêmico programa de interrogatórios coercitivos, com técnicas de tortura
física e moral, como a do falso afogamento ou da privação do sono, meticulosamente
autorizadas pelo governo de George W. Bush.
De fato, toda a experiência de
Brennan acabou pesando deveras na decisão de Obama e foi, precisamente, durante
os amos em que Brennan assessorou um alto funcionário da CIA, que os EUA
autorizaram o emprego de tais técnicas de interrogatório, que os ativistas dos
direitos humanos chamam de tortura.
De nada adiantou para Obama
uma entrevista feita com Brennan, em 2007 e transmitida pelo canal de TV da
CBS, na qual ele disse: “Desses
interrogatórios foram obtidas muitas informações que a CIA empregou contra
terroristas convictos e dedicados ao terror antiamericano. Elas salvaram muitas
vidas. E não se deve esquecer que esses são terroristas reincidentes,
responsáveis pelos atentados de 11 de setembro, que jamais mostraram em
qualquer momento algum arrependimento pela morte de 3.000 americanos civis e
inocentes”.
Faltava apenas a ratificação
do Senado para que Brennan assumisse oficialmente o cargo de Diretor Geral da
CIA, mas, diante de toda a polêmica levantada sobre Guantánamo, ele resolveu
retirar o seu nome. Em compensação, o presidente acabou nomeando-o Assessor de
Segurança Interna, um cargo de confiança para o qual não é necessária a
ratificação do Congresso. No primeiro mandato de Obama, Brennan supervisionou
grande parte do programa de ataques com ‘drones teleguiados’, ou aviões não
tripulados, no Paquistão, Iêmen e Somália, que tanto dano tem causado à acéfala
cúpula da rede terrorista Al Qaeda. Também foi o responsável em grande parte
pela atuação dos EUA nas incursões do jihadismo no norte da África,
especialmente em Mali, onde recentemente o grupo local da Al Qaeda no Magreb
Islâmico foi fortalecido.
Brennan já conseguiu se
redimir, em parte, durante os últimos quatro anos, perante os ativistas dos
direitos humanos graças à sua defesa do fechamento do Centro de Detenção de
Guantánamo, uma antiga promessa eleitoral até agora não cumprida pelo
presidente Obama. “Não traremos mais
gente para Guantánamo”, disse Brennan numa conversa com jornalistas em
2011. “A política oficial desta
Administração é a de que o Centro de Guantánamo deverá ser fechado e, apesar de
alguns obstáculos legislativos que foram interpostos em nosso caminho, vamos
continuar perseguindo essa meta”.
Brennan não está filiado a
nenhum partido político e isso conta muito a seu favor, pois já atuou em
governos tanto democratas como republicanos em sua longa trajetória na
inteligência norte-americana.
Embora ele ou qualquer de sua
equipe não confirme a estória, circula a versão de que Brennan foi contrário ao
“sepultamento” de Osama Bin Laden em alto mar e queria colocar o cadáver à
exposição pública, no marco zero de Nova Iorque, local onde se situavam as
torres gêmeas do World Trade Center, literalmente implodidas por aviões
sequestrados por terroristas islâmicos e atirados como mísseis contra os
edifícios.
Desde 2001, Bin Laden e sua
organização tinham sido os maiores alvos da Guerra ao Terrorismo promovida
pelos militares estadunidenses e esteve entre os dez foragidos mais procurados
pelo FBI, encabeçando a lista. Acreditou-se que Bin Laden e seus companheiros
da AL-Qaeda estavam escondidos próximos à costa do Afeganistão e das áreas
tribais do Paquistão. Em 1º de maio de 2011, dez anos depois dos atentados de
11 de setembro, o Presidente Barack Obama anunciou pela televisão que Osama Bin
Laden havia sido morto durante uma operação militar estadunidense em
Abbottabad. Seu corpo teria ficado sob a custódia dos Estados Unidos e, após
passar por rituais tradicionais islâmicos, teria sido sepultado em alto mar. No
entanto, em março de 2012, o Wikileaks revelou e-mails da STRAFOR GLOBAL
INTELLIGENCE (empresa privada de segurança conhecida como a "CIA na
sombra"), segundo os quais o sepultamento em alto mar nunca aconteceu. Segundo divulgou o jornal
espanhol ‘Público’, o corpo do
ex-líder da Al Qaeda teria sido levado para os Estados Unidos em um avião da
CIA.
Título e Texto: Francisco
Vianna (da mídia internacional), 13-02-2013
N.A. – Há quem diga que Brennan é muçulmano (ele fala árabe
fluentemente), mas isso não passa de um disparate. Ele é filho de imigrantes
irlandeses oriundos da região de Roscommon, na Irlanda, e foi educado em North
Bergen, em Nova Jersey, nos EUA. Frequentou a Escola Primária ‘Imaculado
Coração de Maria’ e completou o segundo grau no Ginásio de São José das
Paliçadas em Nova Jersey a oeste de Nova Iorque, tendo, pois, tido uma educação
católica. Uma vez, quando ia de ônibus para a Universidade de Fordham, um
cartaz do jornal The New York Times lhe chamou a atenção onde se lia que a CIA
estava recrutando aprendizes e sentiu que uma carreira em Langley seria
“fantástica” e que atenderia ao seu desejo de pertencer ao serviço público.
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