sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um fiel conselheiro de Obama para assuntos de antiterrorismo

Um veterano agente da CIA é nomeado para dirigir a maior agência de segurança dos EUA, em Langley, na Virgínia, mas passa a ser um dos assessores em que o presidente mais confia.
Francisco Vianna 

John Brennan, com Obama no Salão Oval, em janeiro último. Foto: Pete Souza/AFP
John Brennan, o principal conselheiro de Barack Obama para assuntos de antiterrorismo, estava com seu chefe no Salão Oval da Casa branca, quando o presidente abriu a correspondência da CIA onde estava o relatório que, pela primeira vez, trazia a localização precisa de Osama Bin Laden, o terrorista mais procurado pelos americanos, que estaria escondido num complexo residencial no Paquistão, próximo à fronteira com o Afeganistão.
Brennan levou meses assessorando Obama numa operação militar com a qual os EUA caçariam Bin Laden, depois de uma década dos ataques de 11 de setembro de 2001, supostamente planejados pelo terrorista saudita.


Na célebre foto (acima) em que o primeiro escalão do governo estadunidense presencia, ao vivo, o desencadear da operação militar que supostamente matou Bin Laden, Brennan aparece por trás da Secretária de Estado e do chefe do Pentágono, circunspecto e tenso, num dos momentos cruciais para a história e a segurança da nação.
Brennan, de 57 anos, que pela segunda vez aspirava a um posto importante no governo democrata, teve a sua nomeação devida ao fato de Obama acreditar que ele era naturalmente o mais indicado e qualificado. Desde a década de 1980, quando entrou para a CIA, como analista, sua proficiência o levou ao cargo de diretor de missão na Arábia Saudita na década de 1990 e chefe de gabinete do ex-diretor da Agência, John Tenet, entre 1999 e 2001, para logo ser promovido a diretor do Centro Nacional Antiterrorista da CIA, entre 2004 e 2005.
Ao tomar posse, em 2009, Obama se certificou de que ninguém tinha melhores credenciais para dirigir a CIA do que John Brennan, principalmente após o período obscuro das transferências de prisioneiros de guerra inimigos às prisões militares de Guantánamo, em Cuba, e do polêmico programa de interrogatórios coercitivos, com técnicas de tortura física e moral, como a do falso afogamento ou da privação do sono, meticulosamente autorizadas pelo governo de George W. Bush.
De fato, toda a experiência de Brennan acabou pesando deveras na decisão de Obama e foi, precisamente, durante os amos em que Brennan assessorou um alto funcionário da CIA, que os EUA autorizaram o emprego de tais técnicas de interrogatório, que os ativistas dos direitos humanos chamam de tortura.
De nada adiantou para Obama uma entrevista feita com Brennan, em 2007 e transmitida pelo canal de TV da CBS, na qual ele disse: “Desses interrogatórios foram obtidas muitas informações que a CIA empregou contra terroristas convictos e dedicados ao terror antiamericano. Elas salvaram muitas vidas. E não se deve esquecer que esses são terroristas reincidentes, responsáveis pelos atentados de 11 de setembro, que jamais mostraram em qualquer momento algum arrependimento pela morte de 3.000 americanos civis e inocentes”.
Faltava apenas a ratificação do Senado para que Brennan assumisse oficialmente o cargo de Diretor Geral da CIA, mas, diante de toda a polêmica levantada sobre Guantánamo, ele resolveu retirar o seu nome. Em compensação, o presidente acabou nomeando-o Assessor de Segurança Interna, um cargo de confiança para o qual não é necessária a ratificação do Congresso. No primeiro mandato de Obama, Brennan supervisionou grande parte do programa de ataques com ‘drones teleguiados’, ou aviões não tripulados, no Paquistão, Iêmen e Somália, que tanto dano tem causado à acéfala cúpula da rede terrorista Al Qaeda. Também foi o responsável em grande parte pela atuação dos EUA nas incursões do jihadismo no norte da África, especialmente em Mali, onde recentemente o grupo local da Al Qaeda no Magreb Islâmico foi fortalecido.
Brennan já conseguiu se redimir, em parte, durante os últimos quatro anos, perante os ativistas dos direitos humanos graças à sua defesa do fechamento do Centro de Detenção de Guantánamo, uma antiga promessa eleitoral até agora não cumprida pelo presidente Obama. “Não traremos mais gente para Guantánamo”, disse Brennan numa conversa com jornalistas em 2011. “A política oficial desta Administração é a de que o Centro de Guantánamo deverá ser fechado e, apesar de alguns obstáculos legislativos que foram interpostos em nosso caminho, vamos continuar perseguindo essa meta”.
Brennan não está filiado a nenhum partido político e isso conta muito a seu favor, pois já atuou em governos tanto democratas como republicanos em sua longa trajetória na inteligência norte-americana.
Embora ele ou qualquer de sua equipe não confirme a estória, circula a versão de que Brennan foi contrário ao “sepultamento” de Osama Bin Laden em alto mar e queria colocar o cadáver à exposição pública, no marco zero de Nova Iorque, local onde se situavam as torres gêmeas do World Trade Center, literalmente implodidas por aviões sequestrados por terroristas islâmicos e atirados como mísseis contra os edifícios.
Desde 2001, Bin Laden e sua organização tinham sido os maiores alvos da Guerra ao Terrorismo promovida pelos militares estadunidenses e esteve entre os dez foragidos mais procurados pelo FBI, encabeçando a lista. Acreditou-se que Bin Laden e seus companheiros da AL-Qaeda estavam escondidos próximos à costa do Afeganistão e das áreas tribais do Paquistão. Em 1º de maio de 2011, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro, o Presidente Barack Obama anunciou pela televisão que Osama Bin Laden havia sido morto durante uma operação militar estadunidense em Abbottabad. Seu corpo teria ficado sob a custódia dos Estados Unidos e, após passar por rituais tradicionais islâmicos, teria sido sepultado em alto mar. No entanto, em março de 2012, o Wikileaks revelou e-mails da STRAFOR GLOBAL INTELLIGENCE (empresa privada de segurança conhecida como a "CIA na sombra"), segundo os quais o sepultamento em alto mar nunca aconteceu. Segundo divulgou o jornal espanhol ‘Público’, o corpo do ex-líder da Al Qaeda teria sido levado para os Estados Unidos em um avião da CIA.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia internacional), 13-02-2013

N.A. – Há quem diga que Brennan é muçulmano (ele fala árabe fluentemente), mas isso não passa de um disparate. Ele é filho de imigrantes irlandeses oriundos da região de Roscommon, na Irlanda, e foi educado em North Bergen, em Nova Jersey, nos EUA. Frequentou a Escola Primária ‘Imaculado Coração de Maria’ e completou o segundo grau no Ginásio de São José das Paliçadas em Nova Jersey a oeste de Nova Iorque, tendo, pois, tido uma educação católica. Uma vez, quando ia de ônibus para a Universidade de Fordham, um cartaz do jornal The New York Times lhe chamou a atenção onde se lia que a CIA estava recrutando aprendizes e sentiu que uma carreira em Langley seria “fantástica” e que atenderia ao seu desejo de pertencer ao serviço público.

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