O que se pede neste manifesto não é nada de
outro mundo: apenas que a imprensa faça seu trabalho respeitando o momento
histórico em que vivemos
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“IMPRENSA LIVRE”: era o que
pedia a maior faixa exibida no primeiro protesto pelo impeachment de Dilma
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Em 1984, os organizadores
acreditaram que marcar a manifestação pelas Diretas Já no dia do aniversário de
São Paulo facilitaria a participação popular. O que não esperavam é que o
jornalismo da Globo, sob pressão dos militares, se veria forçado a espremer a
cobertura do evento numa reportagem de dois minutos e meio acerca dos 430 anos
da capital paulista. O resultado é que, até hoje, muita gente acredita que o
Jornal Nacional se negou a dar o devido valor ao evento por iniciativa própria,
algo que manchou para sempre a história da empresa.
Mais de três décadas se
passaram e o Brasil novamente se vê numa época rica em protestos. O contexto é
bem distinto: a nossa democracia já acumula um quarto de século de vida e a
Rede Globo reconhece em seu site os erros cometidos no passado. Mas a
indignação brasileira com o governo segue ressoando de forma bem semelhante à
daquele verão de 1984. Após algumas iniciativas espontâneas no final de 2014, o
clima sentido nas redes sociais dá a entender que as manifestações agendadas
para o próximo 15 de março marcarão este momento da mesma maneira que, no
passado, entraram para a história os esforços populares pela redemocratização e
pelo impeachment de Collor. E é aqui que chamamos a atenção dos veículos de
imprensa em atividade no país.
Em primeiro de fevereiro,
assim escreveu Vera Guimarães Martins, ombudsman da Folha de São Paulo: “A
defesa da imparcialidade é norma do jornal, mas os deslizes são mais frequentes
do que deveriam. […] É reflexo de uma visão baseada em falta de empatia,
afinidade ideológica com o ideário da esquerda e também em comodidade: gozar
quem está no topo da pirâmide social não desafia o politicamente correto, e a
cobrança costuma ser menor. Ou costumava.”
O que pode soar como caso
isolado deste respeitado jornal salta aos olhares mais atentos como um padrão
bastante utilizado na nossa imprensa, principalmente pelos veículos mais
jovens. Por uma nítida discordância da pauta dos eventos que pedem o
impeachment da presidente Dilma Rousseff, usam-se dos mais variados artifícios
para amplificar erros individuais e ofuscar acertos coletivos. Tudo com um
objetivo único: fortalecer um falacioso espantalho extremamente conveniente ao
partido no poder há 12 anos.
Ora, se estamos lidando com um
evento aberto, organizado coletivamente, ou seja, sem uma liderança relevante
que centralize a pauta, é natural que todo tipo de voz queira se aproveitar da
aglomeração para se fazer ouvir. Cabe ao jornalismo identificar o que pode ser
tomado como um discurso do grupo e o que seriam meras reivindicações isoladas
de um ou outro manifestante mais radical – ou mesmo de um sabotador infiltrado.
O que se pede neste manifesto
não é nada de outro mundo: apenas que a imprensa faça seu trabalho respeitando
o momento histórico em que vivemos. Que os chefes das redações evitem escalar
seus repórteres menos experientes no plantão do fim de semana. Que os editores
revisem o material apurado antes de publicá-lo, impedindo que manchetes
equivocadas desinformem os leitores. Que as empresas de comunicação coloquem a
mão na consciência, pois há grandes riscos de o próximo domingo ainda ser
lembrado daqui a 30 anos – e seria uma atitude prudente evitar a repetição dos
erros de 30 anos atrás.
Assinam essas palavras
cidadãos que há pelo menos 10 anos protestam contra a impunidade em vigor nesta
nação. São mulheres, são homens, são homossexuais, heterossexuais, empresários,
assalariados, profissionais liberais, desempregados, membros da classe média,
ricos, pobres, de todas as raças e de todas as regiões. São liberais, são
conservadores, são social-democratas. Alguns possuem partidos de preferência,
outros evitam hastear bandeiras. Se há algum traço comum a todos, é o desejo de
um Brasil melhor. Acreditava-se que isso já seria possível por intermédio das
urnas nas eleições passadas, mas uma campanha suja da parte do governo manteve
a situação pregressa. O que buscamos agora é a utilização de meios legais para
atingir nossos objetivos, com precedentes recentes não só na história
brasileira, mas também na de outras nações democráticas. E este grupo adoraria
poder contar com o apoio da imprensa livre nesta democracia para exigir justiça
contra quem vem prejudicando o país.
Essa é uma iniciativa apoiada
pelos grupos e entidades abaixo. Se você concorda com ela, a melhor forma de
“assinar” este manifesto é compartilhando-o em seus sites, blogs, fanpages,
grupos de Whatsapp e redes sociais. Sinta-se livre para copiar e colá-lo, desde
que não altere o texto original. Agradecemos qualquer esforço:
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Manifesto à imprensa por uma cobertura limpa no “Dia 15″
ResponderExcluirPor enquanto , observada a LEI Nº 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950 que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento (Alterada pela LEI No 10.028, DE 19 DE OUTUBRO DE 2000, já inserida no texto) não se encontra ato da presidente Dilma que se enquadre no diploma normativo . Isso não significa que se deva fazer "vista grossa" às irregularidades , desmandos e descaminhos praticados por diversos agentes públicos . Se o encontro nacional nas ruas , no próximo dia 15 de março, não tiver sido "arranjado" pela oposição , muita coisa tem para acontecer porque o povo não é bobo . As redes sociais "worldwide" transmitem as novidades em segundos. Todos ficam sabendo tudo , praticamente ao mesmo tempo . É chegada a hora de se fazer algo para transformar ( reformar não serve) . O tempo mostrará . Se vai ser sorte ou a falta dela , depende do que vier depois ...
ResponderExcluirSigamos confiantes .
Sidnei Oliveira
Assistido Aerus RJ