Valdemar Habitzreuter
Ainda é cedo para termos uma
noção clara do que Temer será capaz. Por ora estamos na expectativa temerosa do
que pode acontecer. Embora ele tenha a confiança da maioria parlamentar para a
aprovação de seus projetos, resta saber se não suscitará conflitos com a
sociedade que, insatisfeita com tantos arrochos de medidas econômicas, se
voltará contra o seu governo. Ele não tem como sanear, a curto prazo, a
esfacelada economia.
O estrago na gestão da Dilma
foi tão grande que não será suficiente o tempo que ficará à frente do governo –
até 2018. Necessitar-se-á talvez de anos para aprumar o país na direção certa e
tirá-lo do atoleiro. O mais importante, ao meu ver, é Temer voltar-se para a
sociedade e granjear-lhe a confiança, ser transparente nas ações governamentais
e, sobretudo, vir a público e dizer o quão imperativo se faz agora tomar
medidas amargas para que o Brasil renasça do caos em que se encontra. Temer não
terá vida fácil.
Em primeiro lugar, é
presidente interino, vice de Dilma, veio a reboque das eleições duvidosas de
2014; em rigor não tem um mandato popular genuíno. Em segundo lugar, sofrerá
forte oposição dos que o julgam traidor ao se insurgir contra a presidente
afastada e, em consequência, poderão acontecer manifestações ferrenhas contra
ele, ainda mais quando as duras medidas econômicas far-se-ão sentir no
cotidiano das pessoas.
Mas, de um lado, fiquemos de
olho em seus movimentos. Se observarmos que passa confiança e garantia com suas
propostas políticas e econômicas, vamos aplaudi-lo. Caso seja um forasteiro e
inapto ao cargo que ganhou de presente, vamos rejeitá-lo.
Além do mais, grande parte dos
caciques de seu partido, o PMDB, está enlameada até o pescoço no propinoduto e
alvos de investigação da Lava-jato. Caso se levante também alguma suspeita
pessoal contra ele, adeus então para seu governo.
Já é embaraçoso de ele ocupar
a presidência pelo fato da reeleição de Dilma ter sido marcada por fraude ao
receber dinheiro sujo para sua campanha em que ele foi o vice. Em todos os
casos, já foi um grande passo a queda de Dilma que nada mais era do que um
fantoche frente ao governo, não havia mais governo. Que dias melhores se deixem
entrever! Esperemos!
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 27-5-2016
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